O apoio ao PL da Anistia foi reduzido após articulações de líderes do chamado ‘Centrão’, que convenceram o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a segurar a votação do requerimento de urgência.
Por Redação – de Brasília
A proposta de anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro sofreu um revés significativo nesta semana, na Câmara. Aliados do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL), segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, já perderam a esperança de ver o líder de ultradireita se livrar da cadeia por meio de um Projeto de Lei (PL), aprovado no Congresso.

O apoio ao PL da Anistia, inicialmente inflado por assinaturas aleatórias de deputados do campo da direita, foi reduzido após articulações de líderes do chamado ‘Centrão’, que convenceram o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), a segurar a votação do requerimento de urgência.
Golpe
A medida foi tomada após reunião, na véspera, em que apenas os partidos PL e Novo saíram em defesa da análise imediata do pedido de urgência. As demais legendas conservadoras alinharam-se à base do governo, em um movimento que isolou a proposta feita para beneficiar Bolsonaro e seus cúmplices no golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro.
— Especificamente sobre o tema da urgência da anistia, foi decidido pelo adiamento da pauta desse requerimento. Isso não está dizendo que nós não seguiremos dialogando pela busca de uma solução para o problema. Tenho que, enquanto presidente, decidir a pauta. A pauta é um dever do presidente — afirmou Hugo Motta.
Líderes partidários relataram à mídia conservadora que deputados de suas bancadas, embora tenham assinado o requerimento de urgência, buscaram os dirigentes para pedir que o tema fosse retirado da pauta. O temor de uma crise com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o possível travamento de pautas econômicas e sociais relevantes pesaram na decisão.
Bancadas
Ainda na noite passada, durante jantar com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Motta consultou os líderes, que sinalizaram não apoiar a análise do texto. O gesto blindou o presidente da Câmara e reforçou a disposição das bancadas de centro-direita em evitar o acirramento político com o Judiciário.
Após a movimentação de Motta, o projeto começou a sofrer a debandada de deputados que assinaram o requerimento de urgência. A deputada Renata Abreu (SP), presidente nacional do Podemos, retirou sua assinatura do projeto. Embora o Regimento Interno da Câmara não permita a retirada formal de assinaturas após o protocolo, o gesto tem peso político e reforça o movimento de recuo. Ela integra o grupo que defende uma “modulação” nas punições — com penas mais brandas para quem cometeu infrações de menor gravidade.