Nesta manhã, porém, em entrevista ao colunista Guilherme Amado, do site brasiliense de notícias ‘Metrópoles’, por telefone, negou ter mencionado o STF em seus discursos e que suas críticas se concentram apenas no presidente Lula (PT).
Por Redação – de Brasília
O ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) reduziu o tom após recentes ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em Caxias do Sul (RS), onde esteve para um encontro com seguidores de ultradireita, Bolsonaro reclamou do tratamento que recebe por parte do Poder Público.
Nesta manhã, porém, em entrevista ao colunista Guilherme Amado, do site brasiliense de notícias ‘Metrópoles’, por telefone, negou ter mencionado o STF em seus discursos e que suas críticas se concentram apenas no presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O discurso, na noite passada, foi interpretado por ministros do STF como a retomada do conflito de Bolsonaro com a Corte Suprema, antes de julgamentos importantes que poderão significar até um mandado de prisão contra ele e seus familiares. Bolsonaro é investigado pela Polícia Federal (PF) por crimes dos mais variados, entre eles fraude do cartão de vacina e possível apropriação indevida de presentes de luxo.
Investigados
No ataque ao sistema jurídico brasileiro, Bolsonaro alegou que Lula “pessoalmente” retirou seus dois carros blindados, embora ex-presidentes não tenham direito a esses veículos. O ex-inquilino do Palácio do Planalto também lamentou a perda de assessores por medidas cautelares. Nesse ponto, o ataque foi ao STF, ainda que indiretamente, uma vez que ele está proibido de manter contatos com auxiliares investigados nos inquéritos a que responde, por determinação do ministro Alexandre de Moraes.
— Vocês estão acompanhando nas redes sociais o que aconteceu naquela tentativa de assassinato de Donald Trump. O Serviço Secreto foi negligente. Quando eu retornei ao Brasil, pela Presidência tinha direito a dois carros blindados, e Lula pessoalmente me retirou esses dois carros blindados. Eu tenho direito a oito funcionários. Os quatro que trabalhavam na minha segurança, por medidas cautelares, me tiraram. Até mesmo meu filho, o 02 (Carlos Bolsonaro), teve seu porte de arma negado pela Polícia Federal. Eles querem facilitar. Eles não querem mais me prender. Eles querem que eu seja executado. Não posso pensar em outra coisa — disparou Bolsonaro, em Caxias do Sul.
Sistema
Mais tarde, questionado pela imprensa sobre quem seriam ‘eles’, Bolsonaro desconversou e disse que referia ao “sistema como um todo”, e não especificamente Lula ou STF.
— Eu estava me referindo ao sistema como um todo. O sistema é uma coisa mais ampla. Sou um cara que importuna o sistema, querendo ou não — reduziu.
Sobre as críticas de aliados ao ministro do STF Alexandre de Moraes, Bolsonaro disse que “não toca no assunto”.
— Não defendo prisão de Alexandre de Moraes. Nem toco no assunto. Você não vê a palavra ‘Supremo’ na minha boca em nenhuma dessas minhas andanças. Não bato em (Rodrigo) Pacheco, (Arthur) Lira, no STF. Só bato no Lula — diz ele.
Ignorância
Já na visita a Farroupilha (RS), pouco depois, Bolsonaro permaneceu impassível diante dos ataques ao ministro Moraes. Estava ao lado do prefeito local, Fabiano Feltrin, quando ele sugeriu que Moraes devesse ser conduzido à guilhotina.
— É só botar na guilhotina, ó. Aqui a homenagem para ele — bradou Feltrin, referindo-se não a uma guilhotina, que corta cabeças, mas a uma ‘berlinda’, antigo instrumento de tortura usado para prender escravos pela cabeça e pescoço.
Bolsonaro tentou, diante da ignorância alheia, reduzir a gravidade do ataque ao ministro da Corte Suprema e alegou que Feltrin não mostrou uma guilhotina.
— Ele (Feltrin) usou um negócio para prender os caras, colocar os prisioneiros. Espero que não façam maldade com ele (Feltrin) — emendou, referindo-se a uma possível investigação contra o prefeito.