Rio de Janeiro, 16 de Junho de 2025

Cid, em depoimento, entrega liderança de Bolsonaro no golpe

Coronel Mauro Cid confirma liderança de Jair Bolsonaro no golpe frustrado de 8 de janeiro de 2022 em depoimento ao STF.

Segunda, 09 de Junho de 2025 às 20:40, por: CdB

Os interrogatórios dos réus do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe investigada pela Corte começaram nesta segunda-feira e devem se estender até sexta-feira.

Por Redação – de Brasília

Em seu depoimento à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o coronel Mauro Cid confirmou, nesta segunda-feira, a liderança do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) no golpe frustrado em 8 de janeiro de 2022, ao receber e editar a minuta que continha as ações em curso, até a tomada do poder. Segundo o ex-ajudante de ordens, todas as suas ações no processo golpista foram ordens diretas do ex-presidente.

Cid, em depoimento, entrega liderança de Bolsonaro no golpe | Cid e Bolsonaro se cumprimentaram, durante depoimentos na Primeira Turma do STF
Cid e Bolsonaro se cumprimentaram, durante depoimentos na Primeira Turma do STF

— Ele recebeu. Enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões, somente o senhor ficaria como preso — disse Cid, referindo-se ao ministro do STF Alexandre de Moraes, presidente do inquérito.

Os interrogatórios dos réus do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe investigada pela Corte começaram nesta segunda-feira e devem se estender até sexta-feira. O primeiro a ser interrogado foi o ex-ajudante de ordens, cuja delação premiada foi colocada à prova diante de ministros da Corte, da Procuradoria-Geral da República (PGR) e das defesas dos demais réus.

 

Defesas

Os ministros da Primeira Turma do STF avaliam que o interrogatório de Cid será o mais longo desta fase do processo. O militar foi questionado não apenas pelo relator da ação, ministro Alexandre de Moraes, mas também por representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas dos demais acusados.

Na última semana, defensores revisaram vídeos e declarações do militar, com o objetivo de explorar divergências nos depoimentos já prestados, com o objetivo de enfraquecer a credibilidade de sua colaboração. Mauro Cid é apontado como figura central nas investigações por ter atuado diretamente ao lado de Bolsonaro, acompanhando de perto decisões, reuniões e movimentações estratégicas. Ele firmou acordo de delação premiada e já prestou nove depoimentos no âmbito da investigação.

Durante o interrogatório, Cid respondeu aos questionamentos com a intenção de reforçar sua posição de mero observador; além de confirmar os termos do acordo firmado com as autoridades. Suas declarações serão analisadas cuidadosamente por ministros, procuradores e advogados, em uma etapa que pode ser determinante para o andamento do caso.

 

Questionamentos

Cid confirmou a menção a Braga Netto em reunião para gerar um “caos social”. O tenente-coronel, no entanto, também é acusado de “mentir” por advogados de outros réus. Nos bastidores, o objetivo é anular judicialmente a delação, tida como base da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Os advogados de Bolsonaro e de Braga Netto já tentaram derrubar o acordo anteriormente e veem nessa nova rodada de depoimentos a chance de fortalecer os questionamentos. Cid, por sua vez, respondeu às perguntas dos inquisidores com objetividade e clareza.

Após os questionamentos a Cid, a ordem dos interrogatórios continuará em ordem alfabética: Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin); Almir Garnier (ex-comandante da Marinha); Anderson Torres (ex-ministro da Justiça); Augusto Heleno (ex-ministro do GSI); Jair Bolsonaro; Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa); e Walter Braga Netto. A exceção será o próprio Braga Netto, que está preso em unidade militar no Rio de Janeiro e será ouvido por videoconferência.

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