Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Justiça Militar concede liberdade a policiais envolvidos na morte de delator do PCC

Justiça Militar solta policiais envolvidos na morte de delator do PCC. Processo avança com oitiva de testemunhas de defesa.

Quinta, 11 de Setembro de 2025 às 11:45, por: CdB

Agentes respondem por falsidade ideológica e envolvimento em organização criminosa; processo segue com oitiva de testemunhas de defesa.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

O julgamento dos policiais militares envolvidos no assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que havia delatado integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), avançou nesta semana com uma decisão polêmica. O Conselho Permanente de Justiça, órgão do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo (TJM), determinou a soltura de três dos 15 agentes que estavam presos preventivamente.

Justiça Militar concede liberdade a policiais envolvidos na morte de delator do PCC | Policiais suspeitos de envolvimento em morte de delator do PCC são soltos
Policiais suspeitos de envolvimento em morte de delator do PCC são soltos

Foram beneficiados pelo habeas corpus o tenente Thiago Maschion Angelim da Silva e os soldados Abraão Pereira Santana e Julio Cesar Scarlett Barbini. Os três agora vão responder ao processo em liberdade.

Ação penal contra 15 PMs

De acordo com o TJM, “a ação penal tem como réus 15 policiais militares, acusados dos crimes de falsidade ideológica e de promoção, constituição, financiamento ou integração de organização criminosa”.

Em maio, 18 PMs chegaram a ser denunciados pela Justiça Militar por crimes ligados ao caso. Na divisão feita pelos investigadores, três policiais teriam executado diretamente o assassinato, enquanto outros 14 eram responsáveis pela escolta de Gritzbach. Embora comum dentro da corporação, a prática de atuar como segurança particular é considerada transgressão disciplinar. Além deles, um agente foi indiciado por falsidade ideológica e prevaricação.

Na audiência de quarta-feira, o Conselho analisou pedidos de revogação de prisão preventiva e também ouviu cinco testemunhas da acusação, duas delas sob proteção. O julgamento segue agora com a apresentação das testemunhas de defesa.

O assassinato de Gritzbach

O caso remonta a 2021, quando Gritzbach, de 39 anos, foi morto por policiais militares a mando de Emílio Carlos Gongorra de Castilho, de 44 anos, conhecido como Cigarreira. Segundo a investigação da Polícia Civil, Castilho tinha ligação com o PCC e teria ordenado a execução como resposta à morte de Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, e de seu motorista, Antônio Corona Neto, o Sem Sangue.

Na época, Gritzbach era considerado o principal suspeito da morte de Cara Preta em inquérito conduzido pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ele, no entanto, negava qualquer participação no crime e sustentava ser vítima de uma articulação entre policiais e integrantes da facção criminosa para incriminá-lo.

Próximos passos

Com parte dos réus em liberdade, o processo na Justiça Militar entra em nova fase, marcada pela oitiva das testemunhas de defesa. Paralelamente, um outro processo corre na Justiça comum, ampliando a complexidade jurídica do caso.

A expectativa é de que os desdobramentos do julgamento tragam à tona mais detalhes sobre a ligação entre policiais militares e o PCC, além das disputas violentas envolvendo facções e agentes do Estado em São Paulo.

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