Rio de Janeiro, 10 de Dezembro de 2025

Policiais do Denarc são detidos por receber R$ 1 milhão do PCC

Operação do Gaeco revela esquema de corrupção envolvendo policiais do Denarc e um advogado, com propina de R$ 1 milhão para interromper investigação contra facção criminosa.

Quarta, 10 de Dezembro de 2025 às 11:47, por: CdB

Gaeco aponta pagamento de propina milionária a policiais civis e advogado para paralisar investigação contra integrante da facção.

Por Redação, com Agenda do Poder – de São Paulo

Uma operação do Ministério Público de São Paulo prendeu, na manhã desta quarta-feira, dois policiais civis do Denarc e um advogado suspeitos de integrar um esquema de corrupção que teria beneficiado o Primeiro Comando da Capital. A ação apura o pagamento de propina para interromper uma investigação contra um membro da facção. Um terceiro policial também é investigado, mas não teve a prisão solicitada neste momento.

Policiais do Denarc são detidos por receber R$ 1 milhão do PCC | Dinheiro encontrado durante busca e apreensão
Dinheiro encontrado durante busca e apreensão

A operação, batizada de Mata-Nota, é conduzida pelo Gaeco em parceria com a Corregedoria da Polícia Civil e a Polícia Federal. O grupo atuou simultaneamente em diferentes endereços residenciais e na sede do Denarc, cumprindo mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça.

Prisões e bloqueio de bens autorizados pela Justiça

Os dois policiais e o advogado foram presos preventivamente por determinação da 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital. De acordo com a decisão judicial, a medida é necessária para evitar interferências na investigação e novas práticas ilícitas.

A Justiça também determinou o confisco, sequestro e bloqueio de até R$ 1 milhão em bens pertencentes aos suspeitos. Segundo o Gaeco, esse é o valor da propina paga pelo advogado aos três policiais com o objetivo de paralisar a investigação sobre um traficante conhecido como Costurado, apontado como integrante da estrutura financeira do PCC.

Procurada, a Secretaria da Segurança Pública informou que apoia a operação e “não tolera desvios de conduta por parte de seus agentes e que todas as medidas administrativas cabíveis serão adotadas, sem prejuízo das apurações criminais e disciplinares”.

Investigação começou após apreensão de 345 kg de drogas

A apuração teve início em 2024, após a prisão em flagrante de um homem que transportava 345 kg de drogas escondidas no fundo falso de um caminhão frigorífico. Com a quebra de sigilo telemático, os investigadores tiveram acesso a um vídeo que revelava negociações para pagamento de propina.

O conteúdo registra, em 23 de maio de 2024, uma videochamada entre dois policiais do Denarc e o advogado preso nesta quarta-feira, com menção ao terceiro policial investigado. Segundo o Gaeco, pouco depois desse contato, os agentes passaram a adquirir imóveis, embora apresentassem patrimônio incompatível com seus salários.

Paralelamente, os investigadores descobriram um laboratório de refino de drogas ligado a Costurado, na cidade de Jarinu, no interior paulista. Mesmo assim, a apuração contra o integrante do PCC foi interrompida — situação que reforçou a suspeita de interferência criminosa.

Advogado já tinha condenação anterior por sequestro

O advogado detido é Ademilson Alves de Brito, que já havia sido condenado anteriormente por extorsão mediante sequestro e associação criminosa. Ele agora é acusado de atuar como intermediário entre os policiais e a facção. A reportagem tenta localizar sua defesa.

Segundo a Promotoria, a atuação do grupo demonstrava organização e objetivo claro: assegurar que Costurado não fosse alcançado pelas investigações, mesmo com provas de envolvimento em operações de logística do PCC.

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