Braga é proprietário do grupo empresarial Key Car, apontado como uma peça central no esquema de lavagem de dinheiro. Sanches, por sua vez, foi considerado na investigação como sócio oculto.
Por Redação – de São Paulo
Dois suspeitos de integrar um grupo que prestava serviços de lavagem de dinheiro para a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), alvos de uma megaoperação na última semana, encontravam-se presos, neste domingo, em uma carceragem da Polícia Civil paulista. Alessandro Rogério Momi Braga, o ‘Morango’ ou ‘Alemão’, e Manoel Sérgio Sanches, o ‘Mané’, são apontados pela investigação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) como intermediários importantes em um esquema que envolve uma rede de dezenas de empresas usadas para ocultar dinheiro obtido com crimes como tráfico de drogas, jogos de azar, estelionato e extorsão.

Braga é proprietário do grupo empresarial Key Car, apontado como uma peça central no esquema de lavagem de dinheiro. Sanches, por sua vez, foi considerado na investigação como sócio oculto. Procurada pela reportagem do Correio do Brasil, nesta tarde, a defesa de ambos preferiu não se pronunciar.
Lavagem
As empresas desse grupo teriam sido usadas para fazer pagamentos em dinheiro e transferências bancárias para dezenas de pessoas e firmas suspeitas de praticar lavagem de dinheiro, segundo um trecho do relatório sobre a investigação, vazado para a mídia conservadora. O esquema exposto na ‘Operação Falso Mercúrio’, segundo agentes policiais, movimenta milhões de reais por dia, em todo o Estado paulista.
O documento aponta que o Grupo Key Car recebia, por exemplo, dinheiro em espécie que vinha da operação ilegal de máquinas caça-níqueis. Depois de arrecadar valores de suspeitos apontados como “coletores” de dinheiro do crime, o núcleo de pessoas coordenado por Braga repassava a contas bancárias de empresas laranjas ou dos próprios coletores — ou seja, devolviam o dinheiro ‘lavado’, no jargão dos criminosos.
Para isso, recebiam uma comissão paga diretamente ao intermediário, por meio de boletos ou transferências para contas de terceiros, segundo a investigação. Há ainda casos em que os intermediários recebem dinheiro em espécie e repassam a um beneficiário final, e este faz depósitos diretamente nas contas dos coletores de dinheiro, simulando transações comerciais.
Pôquer
Numa das conversas interceptadas pela polícia, Sanches tenta viabilizar um pagamento de R$ 400 mil a um dos beneficiários finais do esquema de lavagem de dinheiro. A conta indicada para o pagamento é de uma casa de pôquer, o que desperta o receio do cliente.
O endereço registrado da casa de pôquer é o mesmo de um bar karaokê no bairro da Liberdade, no centro de São Paulo.
Para convencê-lo, Sanches encaminha ao comparsa um áudio de Alessandro Braga, no qual ele argumenta que usar conta da casa de apostas seria vantajoso. Em caso de questionamento por alguma autoridade sobre o dinheiro, ele poderia justificar que era viciado em jogo para justificar a movimentação atípica, sugere Braga. O cliente concordou, segundo os relatos.