Entre os alvos estão integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), empresários, agiotas e influenciadores digitais.
Por Redação, com Agenda do Poder – de São Paulo
A cidade de Campinas (SP) foi o epicentro, nesta quinta-feira, de uma megaoperação contra um esquema de lavagem de dinheiro ligado a dois dos traficantes mais procurados do país. A ação foi deflagrada pelo 1º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) da Polícia Militar em parceria com o Ministério Público de São Paulo.

Entre os alvos estão integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), empresários, agiotas e influenciadores digitais. Durante o cumprimento dos mandados, houve troca de tiros entre policiais e um dos investigados. O suspeito morreu no local, e um policial militar foi baleado, sendo encaminhado ao Hospital de Clínicas da Unicamp, onde recebe atendimento médico.
Os principais alvos da investigação
De acordo com o Ministério Público, os principais nomes citados nas investigações são Sérgio Luiz de Freitas Filho, conhecido como “Mijão”, “Xixi” ou “2X”, e Álvaro Daniel Roberto, o “Caipira”. Embora Caipira não seja alvo de prisão nesta etapa, ambos estão foragidos há anos e figuram entre os criminosos mais procurados do Brasil.
Ao todo, foram expedidos nove mandados de prisão preventiva e 11 de busca e apreensão, além de ordens de bloqueio de 12 imóveis de alto padrão e de valores em contas bancárias. As buscas se concentraram em condomínios de luxo de Campinas, como Alphaville, Entreverdes, Jatibela e Swiss Park, e se estenderam a Mogi Guaçu e Artur Nogueira.
Desdobramento de investigações anteriores
A operação é um desdobramento das ações Linha Vermelha e Pronta Resposta, realizadas em agosto, que desmantelaram um plano do PCC para assassinar o promotor de Justiça Amauri Silveira Filho, de Campinas.
A análise do material apreendido nessas operações levou à descoberta de um esquema de movimentações financeiras e imobiliárias usadas para mascarar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas. Segundo os promotores, os criminosos utilizavam empresas de fachada e atividades aparentemente legais para dar aparência lícita ao capital ilícito.
Em determinado momento, surgiram disputas internas entre os integrantes do grupo. Nesse contexto, eles realizaram diversas transações de imóveis e movimentações financeiras com o objetivo de dispersar o patrimônio e ocultar os verdadeiros donos e a origem criminosa dos bens. Essas operações foram rastreadas e identificadas pelo Ministério Público, ampliando o alcance das investigações.
O influenciador Diabo Loiro e a conexão com o crime
Entre os presos está Eduardo Magrini, conhecido nas redes sociais como “Diabo Loiro”, apontado como membro relevante do PCC. Magrini já tinha passagens por homicídio, formação de quadrilha, receptação e uso de documentos falsos.
Nas redes, ele se apresentava como produtor rural e influenciador digital, publicando fotos com carros de luxo, viagens e amigos conhecidos. Seu estilo de vida ostentatório chamou a atenção dos investigadores, que o identificaram como parte de uma rede de lavagem de dinheiro ligada ao tráfico.
A rota internacional e os elos do tráfico
Outro nome central nas apurações é o de Álvaro Daniel Roberto, o “Caipira”. Ele é acusado de tráfico de drogas, crimes contra o patrimônio e associação criminosa, com vínculos com grandes traficantes sul-americanos. Segundo o Ministério Público, “Caipira é um dos principais traficantes do Brasil, com conexões com Juan Carlos Abadia e o Cartel do Vale do Norte, na Colômbia”.
As investigações indicam que ele integra uma organização responsável por trazer cocaína do Paraguai e da Bolívia para o Brasil, com destino à Europa, operando uma das principais rotas de distribuição no país, conhecida como “Rota Caipira”.
Preso em 2013 em Fortaleza, Caipira foi transferido para Juiz de Fora e colocado em prisão domiciliar, mas fugiu pouco tempo depois. Desde então, está foragido com mandados de prisão em aberto. Tanto ele quanto Sérgio “Mijão” são apontados como estando escondidos na Bolívia.
Nesta fase da operação, o filho de Mijão e o influenciador Diabo Loiro foram presos. As autoridades seguem investigando a extensão do esquema e os vínculos internacionais dos envolvidos.