Rio de Janeiro, 22 de Maio de 2025

Presidente chinês conversa com Bolsonaro após crise gerada por ’03’

Por telefone, Bolsonaro reforçou com Jinping os “laços de amizade” entre o Brasil e a China; além de tratar das relações comerciais entre os dois países e discutir o novo coronavírus. O governo comunista da República Popular chinesa é o maior parceiro comercial do Brasil. O país se recupera, rapidamente, de um surto da Covid-19.

Terça, 24 de Março de 2020 às 12:46, por: CdB

Por telefone, Bolsonaro reforçou com Jinping os “laços de amizade” entre o Brasil e a China; além de tratar das relações comerciais entre os dois países e discutir o novo coronavírus. O governo comunista da República Popular chinesa é o maior parceiro comercial do Brasil. O país se recupera, rapidamente, de um surto da Covid-19.

Por Redação - de Brasília
Com as relações entre Brasil e China abaladas por mensagens do filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que reproduziu a tese do presidente norte-americano, Donald Trump, quanto à origem do vírus Sars-Cov-2, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) precisou pedir, por mais de uma semana, um contato com o colega chinês, Xi Jinping. Nesta terça-feira, conseguiu ser atendido. A ligação telefônica com o líder comunista chinês, de apenas alguns minutos, foi comemorada em mensagem nas redes sociais.
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Presidente da China, Xi Jinping, conversou por alguns minutos com o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro
Por telefone, Bolsonaro reforçou com Jinping os “laços de amizade” entre o Brasil e a China; além de tratar das relações comerciais entre os dois países e discutir o novo coronavírus. O governo comunista da República Popular chinesa é o maior parceiro comercial do Brasil. O país se recupera, rapidamente, de um surto da Covid-19. “Nesta manhã, em ligação telefônica com o presidente da China, Xi Jinping, reafirmamos nossos laços de amizade, troca de informações e ações sobre o Covid-19 e ampliação de nossos laços comerciais”, escreveu o presidente, na publicação. A mensagem é ilustrada por uma foto em que aparece reunido com os ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Tereza Cristina (Agricultura) e Ricardo Salles (Meio Ambiente).

Declaração

Bolsonaro, no entanto, ainda não se livrou, inteiramente, da crise gerada depois que o seu terceiro, o ’03’, provocou a crise diplomática com os chineses, ao responsabilizar, também no Twitter, a China pela pandemia do coronavírus. A declaração do deputado provocou protestos do embaixador e da embaixada chinesas no Brasil. Eduardo Bolsonaro sugeriu, na semana passada, que a pandemia do novo coronavírus seria consequência de um ato doloso do governo comunista chinês. A declaração provocou uma forte reação da embaixada da China no Brasil e abriu uma crise diplomática entre os dois países. O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, escreveu que as palavras do filho do presidente são "um insulto maléfico contra a China e o povo chinês" e que a "atitude flagrante anti-China não condiz com o seu estatuto como deputado federal nem (com) a sua qualidade como uma figura pública especial”.

Desculpas

O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, entrou na discussão e chegou a exigir desculpas do embaixador chinês por, segundo o chanceler, ofender o presidente Bolsonaro. Em entrevista à agência russa de notícias Sputniknews, nesta manhã, o coordenador do Núcleo de Estudos Brasil-China da Fundação Getúlio Vargas (FGV), professor Evandro Menezes de Carvalho, disse que o ideal seria Eduardo Bolsonaro pedir desculpas explicitas à China. — Eu acredito que seria suficiente na medida em que isso iria colocar um fim nesse mal-estar iniciado pelo próprio Eduardo Bolsonaro. Nesse momento ele deveria reconhecer que iniciou essa crise diplomática desnecessária e poderia, através de um pedido de desculpas mais explícito, visando o bem das relações bilaterais, pôr um fim definitivo a esse problema diplomático — recomendou.

Crise

Eduardo Bolsonaro tentou se retratar, ao publicar outra mensagem, na qual diz que não ofendeu o povo chinês e disse que "tal interpretação é totalmente descabida", mas não fez um pedido de desculpas explicito por ter culpado a China pela pandemia do novo coronavírus. Para Evandro Menezes de Carvalho, foi desnecessário envolver os dois presidentes nesse problema. — Essa reação do Bolsonaro mostra um esforço por parte da Presidência de tentar pôr um fim a isto aí (crise diplomática entre os dois países). Agora, é uma medida que passa por cima do embaixador da China no Brasil, que é quem representa o presidente da China no país. O ideal seria realmente resolver esse problema aqui no Brasil junto às autoridades diplomáticas chinesas e não levar essa questão ao nível presidencial — disse.

Relações

Evandro Menezes de Carvalho disse que é importante que essa crise seja resolvida, rapidamente, para que o Brasil conte com a parceria da China no combate à Covid-19. — Seria muito importante contarmos com a solidariedade da China que tem adotado uma série de medidas que foram exitosas no combate a propagação e o controle do vírus no país. Esse incidente diplomático acontece em um momento extremamente negativo, ele não contribui, não só para relações bilaterais, mas também não contribui para o Brasil — concluiu.
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