Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Polícia Civil mira CV por extorsão a empresas perto da Reduc

Operação Refinaria Livre investiga extorsões do Comando Vermelho a empresas perto da Refinaria Duque de Caxias, com apoio de um pastor. Três prisões até o momento.

Quinta, 27 de Novembro de 2025 às 12:44, por: CdB

Investigação indicam que líder de facção criminosa contava com o apoio de um pastor para coagir empresários e cobrar taxas mensais. Até o momento, três pessoas foram presas.

Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro

A Polícia Civil coordenou nesta quinta-feira a Operação Refinaria Livre, para desarticular a atuação do Comando Vermelho (CV) em extorsões contra empresas que atuam no entorno da Refinaria Duque de Caxias (Reduc).

Polícia Civil mira CV por extorsão a empresas perto da Reduc | Polícia Civil investiga extorsão do CV contra empresas no entorno da Reduc
Polícia Civil investiga extorsão do CV contra empresas no entorno da Reduc

Investigações indicam que o grupo é liderado por Joab da Conceição Silva, apontado como uma das lideranças do CV. Segundo a Polícia Civil, ele conta com o apoio de um pastor que se apresenta como líder comunitário e religioso para intermediar as ações de coação empresarial. Até o momento, três pessoas foram presas por suspeita de integrar o esquema.

Os agentes estão nas ruas para cumprir mandados de prisão temporária e de busca e apreensão, expedidos a partir de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). O objetivo é aprofundar as investigações, impedir a coação de testemunhas e brecar a interferência criminosa sobre empresários e profissionais.

Empresas eram ‘forçadas’ a pagar mensalidade ao crime

O inquérito revelou que empresas instaladas na área industrial da Reduc eram forçadas a pagar valores mensais ao tráfico, sob ameaça de incêndio de caminhões, agressões a funcionários, interrupção violenta das atividades produtivas e impedimento de acesso às instalações industriais.

O pastor comparecia pessoalmente às empresas apresentando-se como representante comunitário, mas impondo regras ditadas por Joab, indicam as investigações. Ele citava proibição de permanência de caminhões nos pátios, imposição de contratação de moradores específicos, ligados aos traficantes, e oferta de “mediação” para evitar represálias. Segundo os agentes, isso era uma fachada para a prática de extorsão.

Relatos formais de representantes empresariais, termos de declaração e atas do Ministério do Trabalho demonstram que empresas foram obrigadas a interromper as atividades por dias devido às ameaças do grupo criminoso. A investigação identificou que sindicatos e associações de fachada vinham sendo instrumentalizados pelo tráfico para pressionar as empresas.

Membros do CV infiltrados, indica investigação

Segundo os agentes, integrantes da associação criminosa infiltravam-se em setores industriais, controlando ilegalmente processos de contratação, indicando candidatos sem qualificação, interferindo em processos seletivos, e cobrando vantagens indevidas em troca de vagas de emprego. O grupo também impunha a contratação de parentes e aliados do tráfico, garantindo presença e controle direto dentro do polo industrial.

Entre os contratados identificados está a companheira de Joab, que atuava em uma empresa sem critérios técnicos e por imposição territorial. Ela ingressou na companhia poucos dias antes do ataque criminoso à 60ª DP ocorrido em fevereiro de 2025, ordenado e comandado por Joab da Conceição Silva, de acordo com a Polícia Civil. O criminoso é considerado foragido da Justiça desde 2019, quando foi beneficiado por uma saída temporária do presídio e não retornou ao local onde estava detido.

O pastor também já foi alvo das forças de segurança. No início deste mês, ele foi preso em Betim (MG). Ele estava transportando uma pistola e seis granadas artesanais, além de munições e valores em espécie.

O homem admitiu ter levado os artefatos explosivos desde Duque de Caxias para realizar ações de intimidação e interrupção de serviços na Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, a pretexto de atender a um “movimento grevista” organizado por sindicatos alinhados ao grupo criminoso. No veículo, também estava o presidente de uma associação de empresas de transporte de combustível, evidenciando a participação direta de sindicatos e entidades formais na estrutura criminosa.

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