Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Planalto articula com parte do ‘Centrão’ para deter anistia

O governo Lula articula com parte do 'Centrão' para barrar o PL da Anistia que busca libertar golpistas condenados. Entenda os desdobramentos.

Sexta, 12 de Setembro de 2025 às 21:15, por: CdB

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou, na véspera, ser contrário a qualquer tipo de anistia a golpistas.

Por Redação – de Brasília 

O Projeto de Lei (PL) da Anistia para os condenados no Supremo Tribunal Federal (STF) por golpe de Estado que propõe a extinção do processo e a liberdade para todos os envolvidos na trama golpista derrotada no 8 de Janeiro, embora tenha ganhado projeção ao longo das últimas semanas, durante o julgamento, começa a fazer água na Câmara.

Planalto articula com parte do ‘Centrão’ para deter anistia | Articulação do Planalto visa tirar de pauta o PL da Anistia
Articulação do Planalto visa tirar de pauta o PL da Anistia

Enquanto aliados do ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL), que passará a cumprir 27 anos e três meses em regime fechado, elevam a pressão para que o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque em pauta a proposta na próxima semana, em regime de urgência, o Planalto entra em campo para desarticular o movimento.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reafirmou, na véspera, ser contrário a qualquer tipo de anistia a golpistas. E a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), declarou que o Executivo “não só é contra qualquer tipo de anistia como está trabalhando para que ela não vire realidade”.

 

Plenário

Diante do relacionamento conturbado entre o governo e sua base aliada, a hipótese de o PL da Anistia ir adiante, na Câmara, fica no ar como uma possibilidade real. Mas os ministros que respondem pela articulação política, no Congresso, estudam uma estratégia para derrotar a proposta em Plenário, caso Motta ceda à pressão dos bolsonaristas.

Enquanto líderes da extrema direita e de parte do ‘Centrão’ tentam usar o julgamento no STF, que condenou Bolsonaro à pena em regime fechado de 27 anos e três meses de prisão, como pano de fundo para tentar emplacar a anistia, o presidente Lula já percebeu que a intensidade do apoio ao réu condenado, após a decisão do Supremo, começa a perder força e divide os parlamentares quanto a uma anistia ampla ou apenas a redução das penas aplicadas.

Em cima do muro, Hugo Motta tem resistido à tese do ‘libera geral’, por temer atritos com os ministros do STF, embora a oposição esteja certa de que o político paraibano levará o tema à votação, na semana que vem.

 

Votos

A oposição, segundo levantamento apontado nos bastidores da Câmara, já contabiliza os 280 votos necessário à aprovação do PL, quando são precisos apenas 257 para aprovação da matéria. O governo tenta, assim, reverter ao menos 30 votos para impedir o avanço da proposta e já se mobiliza nesse sentido, uma vez que parcela dos deputados do ‘Centrão’ está de malas prontas para desembarcar da canoa bolsonarista.

“O ‘Centrão’ vai prestar condolências ao ex-presidente, como não poderia deixar de ser, mas pulará rapidamente desse barco em chamas. Diante da pena de 27 anos e 3 meses de prisão anunciada na noite de quinta-feira, pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro virou aquele aliado tóxico. Na prática, ele só servirá agora para passar o bastão, avalizando o candidato da direita à eleição presidencial de 2026. E quanto antes, melhor, para não contaminar a campanha”, apurou a jornalista Vera Rosa, em sua coluna no diário conservador paulistano ‘O Estado de S. Paulo’, nesta sexta-feira.

Ainda segundo a colunista, “o PL insistirá no projeto de anistia e o ‘Centrão’ engrossará esse coro, mas não vai rasgar as vestes por causa do capitão reformado do Exército, que pode até mesmo perder a patente, a depender do veredicto do Superior Tribunal Militar (STM). Na prática, o grupo que dá as cartas no Congresso quer mesmo é definir até o fim do ano quem será o desafiante do presidente Lula na eleição de 2026 para começar a preparar as armas do duelo”, resume.

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