Rio de Janeiro, 10 de Junho de 2025

Ex-presidente volta a atacar a Corte Suprema: ‘teatro processual’

Após ser declarado réu, Bolsonaro critica decisão do STF, chamando-a de 'teatro processual' e afirmando que visa impedi-lo de concorrer em 2026.

Quarta, 26 de Março de 2025 às 19:47, por: CdB

Logo depois de se formar a maioria pela decisão, na Corte, Bolsonaro não poupou os magistrados.

Por Redação – de Brasília

Momentos depois de ser declarado réu na ação que julga os envolvidos no golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro, o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) disse que a Justiça visa apenas impedi-lo de disputar as eleições em 2026 e a decisão dos ministros não passaria de um “teatro processual”.

Ex-presidente volta a atacar a Corte Suprema: ‘teatro processual’ | Bolsonaro tentou se explicar, após ser considerado réu no processo sobre o golpe de Estado
Bolsonaro tentou se explicar, após ser considerado réu no processo sobre o golpe de Estado

— O Tribunal tenta evitar que eu seja julgado em 2026, pois querem impedir que eu chegue livre às eleições porque sabem que, numa disputa justa, não há candidato capaz de me vencer — desafiou.

Logo depois de se formar a maioria pela decisão, na Corte, Bolsonaro não poupou os magistrados.

— A julgar pelo que lemos na imprensa, estamos diante de um julgamento com data, alvo e resultado definidos de antemão. Algo que seria um teatro processual disfarçado de Justiça, não um processo penal, mas um projeto de poder que tem por objetivo interferir na dinâmica política e eleitoral do país — acrescentou.

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Oração

A bravata foi feita pelas redes sociais, enquanto Bolsonaro acompanhava o final do julgamento da admissibilidade do caso no gabinete do filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no Senado. Durante o dia, aliados visitaram-no no local. A senadora e ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) fez uma oração com o ex-presidente e divulgou uma foto rindo ao lado dele.

Na publicação, Bolsonaro republicou imagem de reportagem que mostrou que a ação da trama golpista tem rito 14 vezes mais rápido que a do ‘mensalão’.

O ex-presidente disse que a comunidade internacional acompanha o julgamento, sem mencionar diretamente Donald Trump, presidente dos Estados Unidos considerado seu aliado.

— Juristas, diplomatas e lideranças políticas já reconhecem o padrão: é o mesmo roteiro que se viu na Nicarágua e na Venezuela — afirmou.

 

Penas

A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Bolsonaro (PL) inclui outras sete pessoas acusadas de compor o núcleo central do golpe de Estado. Advogados de investigados já fazem cálculos sobre o tamanho da pena que poderá ser imposta a Bolsonaro.

Quatro advogados de réus com menor participação nos eventos de 8 de janeiro avaliam, sob reserva, que Bolsonaro pode ser condenado a uma pena que varia entre 25 e 35 anos de prisão. O motivo principal seria a sua posição de comando em uma suposta organização criminosa que teria articulado uma ofensiva contra a democracia para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice Geraldo Alckmin (PSB).

 

Trama

A avaliação tem como base comparativa o julgamento do primeiro condenado pelo STF pelos ataques às sedes dos Três Poderes, em setembro de 2023. Na ocasião, Aécio Lúcio Costa Pereira, ex-funcionário da Sabesp, recebeu uma sentença de 17 anos de prisão. Ele foi flagrado dentro do Congresso com uma camiseta pedindo “intervenção militar já” e gravou vídeos exaltando a invasão. Sua condenação incluiu crimes como golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.

— Se o povo que estava lá invadindo os prédios públicos no 8 de Janeiro pegou pena elevada, imagina quem teve protagonismo na trama golpista. É provável que quem for condenado agora pegue uma pena ainda mais elevada — resumiu um dos advogados.

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