Ao menos cinco províncias permanecem com rodovias bloqueadas: Cotopaxi, Tungurahua, Chimborazo, Bolívar e Pastaza. Nessas regiões também se concentram 30% dos 1,1 milhão de indígenas do Equador.
Por Redação, com Brasil de Fato - do Quito
Nesta segunda-feira, a paralisação nacional no Equador completa uma semana com bloqueios de vias em cinco regiões e uma marcha indígena rumo a Quito. A greve geral foi convocada pela Confederação Nacional Indígena (Conaie) que lista 10 reivindicações para suspender a mobilização.
Ao menos cinco províncias permanecem com rodovias bloqueadas: Cotopaxi, Tungurahua, Chimborazo, Bolívar e Pastaza. Nessas regiões também se concentram 30% dos 1,1 milhão de indígenas do Equador.
Entre as exigências da Conaie está a redução dos preços dos combustíveis e a proibição de atividades de mineração nos territórios indígenas.
Também pedem mais orçamento para saúde e educação, e criação de políticas públicas para conter a onda de violência e crime organizado que assola o país. Segundo presidente da Confederação, a agenda foi apresentada há mais de um ano, mas o presidente Guillermo Lasso se nega a dialogar. "Não se resolverão os problemas estruturais, mas nos dará mais tranquilidade para viver", disse o líder da Confederação, Leonidas Iza Salazar.
Na última sexta-feira, Lasso decretou estado de exceção em três províncias: Cotopaxi, Pichincha e Imbabura. "Convoquei ao diálogo e a resposta foi mais violência. Não há intenção de buscar soluções", declarou o mandatário.
Greve
Em resposta, o presidente da Conaie, que foi detido por 24h no segundo dia de greve, disse que o Estado não deve consolidar o ódio e o racismo na sociedade equatoriana.
– O presidente deve dar uma resposta e respaldar o povo equatoriano a superar a crise desatada por esse modelo econômico. Nos preocupa o que aconteceu na Casa de Cultura, onde se instalou a violência de Estado. O papel das autoridades deve ser garantir uma forma de vida intercultural – declarou.
A Casa da Cutura Equatoriana (CCE), ponto de encontro das mobilizações indígenas e um dos maiores museus do Equador, foi revistada e ocupada pelos militares.
– Com muita vergonha devo dizer que hoje a cultura morreu. A tirania e o terror ganharam da alegria. A última vez que a Casa de Cultura foi tomada pela polícia foi há 46 anos numa ditadura – declarou o presidente do museu, Fernando Cerón.
Já no domingo, Lasso anunciou uma série de medidas para tentar controlar os protestos. Comprometeu-se a não subir o preço dos combustível e não privatizar setores públicos e estratégicos do país. Aprovou o aumento do bônus de Desenvolvimento Humano de US$ 50 para US$ 55 que será distribuído a 1 milhão de famílias vulneráveis; outorgar um subsídio de 50% no preço dos fertilizantes a pequenos e médios agricultores; crédito de até US$ 5 mil (R$ 25 mil) com juros de 1% num prazo de 30 anos; assim como o perdão de dívidas de até US$ 3 mil (R$ 15,5 mil) referentes a créditos concedidos pelo BanEcuador.
Movimentos indígenas
Nesta segunda, movimentos indígenas preparam uma marcha rumo à capital Quito. Segundo levantamento de organizações de direitos humanos, houve 79 presos, 55 feridos e 39 denúncias de violação aos direitos humanos durante uma semana de paralisação.
Em menos de dois anos de mandato esta é a segunda greve geral organizada contra Lasso.
Cerca de 27,7% da população equatoriana vive na pobreza, 10,5% na pobreza extrema, enquanto 66% está na informalidade laboral, segundo dados de dezembro de 2021 do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Inec).