As evidências encontradas serão encaminhadas, nos próximos dias, à Procuradoria-Geral da República (PGR), para que sejam avaliadas junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Por Redação – de Brasília
A descoberta por parte das investigações em curso na Polícia Federal (PF) de parlamentares ligados às operações suspeitas do Banco Master ligou o alerta na Câmara e no Senado para as possíveis repercussões do escândalo para o Legislativo brasileiro. O inquérito entra em uma nova fase, após a apreensão de documentos com possíveis vínculos de parlamentares e o banqueiro Daniel Vorcaro.

As evidências encontradas serão encaminhadas, nos próximos dias, à Procuradoria-Geral da República (PGR), para que sejam avaliadas junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) novas operações junto aos gabinetes dos parlamentares citados, com prerrogativa de foro.
O depoimento do ex-presidente do Banco de Brasília (BRB) Paulo Henrique Costa, inicialmente marcado na véspera, foi adiado ainda sem uma explicação por parte das autoridades. Costa tem o compromisso de detalhar como o banco estatal se envolveu na compra de títulos considerados falsos ligados ao Master.
Cerimônia
O advogado da parte, Cleber Lopes, havia adiantado que a oitiva teria “importância muito grande” para esclarecer os fatos. Segundo o defensor, Costa está “convencido de que prestará todos os esclarecimentos necessários” e mantém confiança de que não praticou qualquer irregularidade.
O BRB, por sua vez, passa por uma extensa reorganização interna. O novo presidente, Nelson Antônio de Souza, e o diretor de Finanças e Controladoria, Celso Eloi Cavalhero, porém, já estão autorizados a administrar a instituição bancária.
Souza teve o nome aprovado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal e recebeu aval do Banco Central (BC) antes de tomar posse em cerimônia conduzida pelo presidente do Conselho de Administração, Marcelo Talarico. Um ato simbólico no Palácio do Buriti, com a presença do governador Ibaneis Rocha, reforçou o apoio institucional ao novo comando.
Sigilo
Pouco depois de a PF sinalizar para o possível envolvimento de parlamentares no escândalo do Banco Master, nesta manhã, o ministro Dias Toffoli colocou sob sigilo máximo um pedido da defesa de Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, para levar as investigações sobre o empresário ao STF.
O caso já estava sob segredo de Justiça e passou a ser tratado, agora, como integralmente sigiloso. Com a mudança, parte das informações sobre o andamento processual do caso ficam ocultas do público. O pedido da defesa foi feito após um envelope com documentos de um negócio imobiliário relacionado ao deputado João Carlos Bacelar (PL-BA) ter sido encontrado em uma busca e apreensão.
Atualmente, as investigações relacionadas a Vorcaro correm na Justiça Federal do Distrito Federal. Por causa desse documento, na sexta-feira, a defesa solicitou que o inquérito seja remetido ao Supremo. Toffoli abriu o caso para manifestação da PGR, antes de tomar a sua decisão.
Trancoso
Em nota distribuída à imprensa, no início desta tarde, o deputado Bacelar afirmou que participou da criação de um fundo destinado à construção de um empreendimento imobiliário em Trancoso, distrito de Porto Seguro (BA), mas a transação não avançou. À época, Vorcaro teria demonstrado interesse na aquisição de parte do projeto.
Na última sexta-feira, a desembargadora Solange Salgado da Silva, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), determinou a soltura de Vorcaro e disse que ele deve ser monitorado com o uso de tornozeleira eletrônica. O CEO do Master estava preso desde o dia 17, quando se preparava para embarcar em um voo para o exterior.
A juíza afirmou que as suspeitas sobre Vorcaro são graves, mas apontou que o uso da tornozeleira e outras medidas cautelares são suficientes.