Nas contas do Monitor do Debate Público do Meio Digital, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), apenas 18,3 mil pessoas compareceram ao ato público, uma fração da expectativa dos organizadores, que chegaram a aguardar centenas de milhares de seguidores bolsonaristas.
Por Redação – do Rio de Janeiro
O ato convocado por Jair Bolsonaro (PL) na véspera, em Copacabana, decepcionou até mesmo os seguidores mais obstinados. O público ficou muito aquém das expectativas e a repercussão, nesta segunda-feira, por analistas políticos ouvidos pela reportagem do Correio do Brasil, é a de que piorou, em vez de melhorar, a situação do ex-mandatário neofascista junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde começará a ser julgado no próximo dia 25.

Nas contas do Monitor do Debate Público do Meio Digital, do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), apenas 18,3 mil pessoas compareceram ao ato público, uma fração da expectativa dos organizadores, que chegaram a aguardar centenas de milhares de seguidores bolsonaristas.
O próprio Bolsonaro se decepcionou, ao observar os grandes espaços vazios na orla carioca.
— A gente arrastava multidões pelo Brasil. Foi aqui, no 7 de Setembro, tinha mais gente do que agora — admitiu.
Público
O cálculo do número de manifestantes usou imagens aéreas captadas por drones e analisadas por um software de inteligência artificial, que identifica automaticamente o número de pessoas no público. Segundo o relatório da USP, o sistema tem precisão de 72,9% e um erro médio de 12% para mais ou para menos na contagem de grandes públicos.
Ao todo, foram registradas 66 fotos da manifestação ao longo do dia, com destaque para seis imagens tiradas às 12h, horário de maior concentração. As imagens cobriram toda a extensão da manifestação sem sobreposição, garantindo uma análise precisa. O banco de imagens utilizado na contagem foi disponibilizado para consulta pública.
A baixa adesão ao ato ocorre no ponto mais baixo da carreira de Bolsonaro, prestes a se tornar réu no STF. O objetivo principal do ato convocado para este domingo era pressionar o Congresso pela aprovação de um projeto de anistia aos condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro, mas o número reduzido de seguidores mostrou apenas o declínio do prócer de ultradireita.
Avaliação
Nesta manhã, no Supremo, segundo apuraram diferentes colunistas da mídia conservadora, ministros avaliaram nos bastidores que a manifestação não terá qualquer impacto nos processos em andamento contra Bolsonaro, na Corte. Conforme observaram alguns ministros, a mobilização não reuniu sequer o número esperado de apoiadores e jamais poderia alterar o cenário político ou jurídico envolvendo Bolsonaro e outros investigados pelos atos de 8 de janeiro e pelo inquérito do golpe.
Segundo esses ministros, até o discurso do ex-presidente perdeu potência e foi menos agressivo do que no passado recente. Um magistrado chegou a comentar que o seu discurso foi “dos males o menor”. Embora tenha mantido críticas ao STF, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito do golpe, ele evitou um tom mais radical.
Robôs
Bolsonaro pediu pela anistia aos condenados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro e negou que tenha pensado em fugir do país para não ser preso. A promessa de permanecer no Brasil foi um dos pontos que mais repercutiram nas redes sociais analisadas pela empresa Palver, mas nem no meio digital a manifestação fez sucesso.
Nos mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram analisados pela Palver, as mensagens relacionadas ao tema no domingo representaram pouco mais de 1 mil menções a cada 100 mil mensagens trocadas na plataforma. Foi feito, ainda, o uso de robôs para impulsionar as publicações, segundo identificou a Palver, que tentavam explicar o fracasso confirmado nas imagens aéreas da manifestação.