Hamdok, um economista e ex-oficial da Organização das Nações Unidas amplamente respeitado pela comunidade internacional, foi primeiro-ministro em um acordo de compartilhamento de poder entre militares e civis que seguiu a derrubada do ex-líder Omar al-Bashir em 2019. 

Em 25 de outubro, após semanas de crescente tensão entre facções rivais e uma série de protestos nas ruas, o Exército do Sudão deteve vários membros do governo, inclusive o premiê Abdalla Hamdok. No dia seguinte, Hamdok foi liberado e regressou à sua residência.

Forças de segurança dispararam munição letal e gás lacrimogêneo para dispersar manifestações nas três cidades, e as comunicações de celulares foram suspensas, disseram testemunhas. A televisão estatal disse que havia feridos entre manifestantes e policiais.

Nas primeiras horas de 25 de outubro, os militares prenderam pelo menos cinco ministros, bem como outros funcionários e líderes políticos, incluindo o primeiro-ministro Abdalla Hamdok, levando-os para local não revelado.

O acordo foi atingido após o autocrata Omar al-Bashir ter sido deposto em abril daquele ano. No entanto, nas últimas semanas, houve uma grande divisão no bloco civil do governo e os temores de golpe aumentavam, sendo consolidado por Al-Burhan no dia 25.

Colunas de fumaça de pneus incendiados por manifestantes pairavam sobre Cartum. A vida parou na capital e na cidade gêmea de Omdurman, do outro lado do Nilo, e ruas foram bloqueadas ou por soldados, ou por barricadas de manifestantes.

Além disso, o acesso à Internet e aos demais tipos de comunicação está sendo interrompido constantemente e uma manifestação contra o golpe foi repreendida com violência por soldados. Há feridos entre os civis, segundo informa a emissora Al-Jazeera.

Um golpe de Estado militar ocorreu no Sudão em abril de 2019, desencadeado por protestos populares em massa que começaram em dezembro de 2018 em meio a uma profunda crise econômica e ao declínio dos padrões de vida.

A violência ocorrida nesta segunda-feira em Darfur do Sul se deu após outro incidente, registrado no último final de semana, envolvendo grupos étnicos rivais, que deixou ao menos 83 mortos em Darfur Ocidental. 

Após meses de protestos e violenta repressão no país norte-africano, generais e líderes civis aceitam compartilhar o poder por um período de três anos, após o qual deverão ser realizadas eleições.

O Sudão passa por meses de turbulentos protestos contra o governo, que culminaram em um golpe militar em 11 de abril.

Membros do conselho militar em exercício no Sudão são próximos da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, ao passo que a Rússia tem trabalhado com o Irã, rival da Arábia Saudita, em diversas regiões, inclusive na Síria.

Após violenta repressão a protestos, que deixou dezenas de mortos e gerou condenações internacionais, junta militar cancela acordo de transição e antecipa votação, mas oposição rejeita a medida.

Os militares do Sudão depuseram Bashir depois de semanas de protestos em massa, cujo clímax foi uma ocupação diante do complexo do Ministério da Defesa.

Salah Abdallah Mohamed Saleh, conhecido como Salah Gosh, que comandava o Serviço Nacional de Segurança e Inteligência e era uma das pessoas mais influentes do país depois de Bashir, foi responsabilizado por manifestantes pela morte de diversas pessoas que protestavam pelo fim do poderio militar.