Os documentos foram produzidos por ordem do ministro Alexandre de Moraes e reúnem fotos, levantamentos sobre os alvos e detalhes a respeito do trabalho em curso para desmobilizar as manifestações que pedem a volta da ditadura militar e o fim do regime democrático, no Brasil.
Por Redação - de Brasília
Os resultados de investigações das Polícias Militar, Civil e Federal e do Ministério Público nos Estados, acrescidos de relatórios enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF), mostram que os atos golpistas de seguidores do presidente Jair Bolsonaro (PL) contra a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são liderados e também financiados por políticos, policiais e ex-policiais, servidores públicos, sindicalistas, fazendeiros, empresários do agronegócio e donos de estandes de tiro.
Os documentos foram produzidos por ordem do ministro Alexandre de Moraes e reúnem fotos, levantamentos sobre os alvos e detalhes a respeito do trabalho em curso para desmobilizar as manifestações. O trabalho é divido por Estados, nos quais líderes da ultradireita local aparecem como vetores dos pedidos de volta da ditadura militar e fim do regime democrático, no Brasil.
Bloqueios
Em Goiás, por exemplo, os empresários citados pela Polícia Civil de Goiás são: Tales Cardoso Machado e Pedro Sanches Roja Neto, o ex-vereador de São Miguel do Araguaia Leonardo Rodrigues de Jesus Soares, o corretor e candidato derrotado a prefeito da cidade em 2020 Sandro Lopes (PRTB); além do ruralista Hernani José Alves, como lideranças dos bloqueios na zona rural de São Miguel do Araguaia
Advogado e candidato a vereador em 2020, Jamil El Hosni (PSL) foi, segundo relatório policial, flagrado no protesto “fazendo a liberação ou não de veículos para passagem”. Além disso, o presidente da Comissão Provisória Municipal do Partido Liberal (PL), Rafael Luiz Ottoni Peixoto, foi apontado como organizador de carreatas.
Acompanhe o resultado das investigações:
Acre
PM aponta que dois fazendeiros locais estariam entre os financiadores dos protestos golpistas: Jorge José de Moura, conhecido como “rei da soja”, e Henrique Neto. O procurador-geral de Justiça do Acre, Danilo Lovisaro do Nascimento, disse ao STF ter “certeza de que os atos antidemocráticos estão sendo financiados pelos fazendeiros".
Ceará
Secretaria de Segurança Pública do Ceará afirma que não conseguiu “identificar uma liderança local”. O relatório, porém, aponta os proprietários dos carros presentes nos locais de manifestação: o empresário Eládio Pinheiro Canto, o policial penal Abrahao Vinicius Batista Possidonio, o sargento da PM Anderson Alves Pontes Garcias e as empresas Lucky Aviamentos e Viva Agrícola.
Espírito Santo
Segundo a Polícia Federal (PF), comerciantes locais, caminhoneiros e uma ex-policial militar são os possíveis organizadores dos bloqueios em São Mateus. Não foi encontrada uma “coordenação centralizada”.
Wanderson de Paula, candidato a vereador pelo Cidadania em 2020, estaria entre as pessoas flagradas “agitando e dando suporte à manifestação” em Linhares.
Em Guarapari, a professora e candidata a deputada estadual na última eleição Ticiani Rossi (PL) “mostrou ser uma das lideranças com acesso irrestrito a barraca da coordenação do movimento”, de acordo com o relatório da PF.
O caminhoneiro Thiago Queiroz Rodriguez, o candidato a governador em 2020 Cláudio Paiva (PRTB) e o instrutor de tiro Flávio Silva Polonini também seriam lideranças.
Goiás
Os empresários Tales Cardoso Machado e Pedro Sanches Roja Neto, o ex-vereador de São Miguel do Araguaia Leonardo Rodrigues de Jesus Soares, o corretor e candidato derrotado a prefeito da cidade em 2020 Sandro Lopes (PRTB) e o ruralista Hernani José Alves são citados pela Polícia Civil de Goiás como lideranças dos bloqueios na zona rural de São Miguel do Araguaia
O advogado e candidato a vereador em 2020 Jamil El Hosni (PSL) foi, segundo relatório, flagrado no protesto “fazendo a liberação ou não de veículos para passagem”. Além disso, o presidente da Comissão Provisória Municipal do Partido Liberal (PL), Rafael Luiz Ottoni Peixoto, foi apontado como organizador de carreatas que aconteceram na cidade antes da eleição.
El Hosni negou participação nos protestos.
Maranhão
"O investigador de polícia Marcelo Thadeu Penha Cardoso, lotado na Secretaria de Segurança Pública do Maranhão e ex-candidato a deputado estadual pelo Podemos, e o também candidato a deputado estadual em 2022 Claudio Rogerio Silva Raposo (PTB), líder do movimento Patriotas do Asfalto SLZ, foram apontados como responsáveis pelas manifestações que ocorreram em frente ao quartel do 24º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), em São Luís", diz a reportagem.
Mato Grosso do Sul
Secretaria de Segurança Pública do estado disse ter identificado as lideranças: a médica Sirlei Faustino Ratier, a servidora da Câmara Municipal de Campo Grande Juliana Caloso Pontes, o comerciante Julio Augusto Gomes Nunes, o agricultor Germano Francisco Bellan, o ex-prefeito de Costa Rica Waldeli dos Santos Rosa e os pecuaristas Rene Miranda Alves e Renato Nascimento Oliveira, conhecido como Renato Merem.
Minas Gerais
Um dos líderes do Movimento Direita BH, Cristiano Rodrigues dos Reis, e o comerciante Esdras Jonatas dos Santos seriam os articuladores dos atos no estado.
Paraná
Segundo a PM, o empresário Valmor Geronimo Ferro é um dos líderes dos protestos. Foram citados também os empresários José Antonio Rosolen, Robson Leandro Calistro, Claudia Varella Costa Pernomian. O candidato a deputado estadual Ranieri Alberton Marchioro (PTB) é listado como liderança em Foz do Iguaçu.
Rio Grande do Sul
Polícia Civil aponta como líderes o policial militar aposentado Vilmar Luis Vicinieski, o coordenador do movimento Direita RS Ezequiel Vargas, o deputado federal eleito Tenente Coronel Zucco (Republicanos) e a agente penitenciária Mariana Lescano.
Também foram citados o policial civil e vereador na cidade de Dom Pedrito, Patrício Jardim Antunes (PP), conhecido como Inspetor Patrício, o comissário de Polícia Thiago Teixeira Raldi e o delegado Heliomar Athaydes Franco.
Santa Catarina
"Wuillian Lanza, Odair Breier, Valnir Camilo Scharnoski, Rodrigo Cadoré, Itamar Schons e Vanirto José Conrad são listados pela Polícia Civil como lideranças em São Miguel do Oeste. Já Francisco Dalmora Burgardt, conhecido como Chicão Caminhoneiro, se apresentou em entrevista a uma rádio local como porta-voz do movimento em Canoinhas. O empresário Luis Cesar Fuck, dono de uma produtora de erva mate, seria um dos financiadores dos protestos locais, de acordo com o documento enviado ao STF.
André Júnior Bello, Oelivir José Luzzi e Everton Marques seriam organizadores do bloqueio na rodovia SC-355 no perímetro urbano de Fraiburgo. A Polícia Civil afirma que eles se apresentaram aos agentes como responsáveis pelos eventos. O grupo também é investigado em um inquérito policial sob suspeita de incentivar o fechamento do comércio na cidade de Turvo", diz o jornal.