Segundo o relatório policial, o ex-presidente passa a ser indiciado agora no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado após sua derrota, nas urnas.
Por Redação – de Brasília
A Polícia Federal (PF) indiciou, nesta quinta-feira, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por seu possível envolvimento direto no golpe de Estado fracassado no 8 de Janeiro. Segundo a investigação policial, Bolsonaro tinha perfeito conhecimento do plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB); e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo o relatório policial, o ex-presidente passa a ser indiciado agora no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado após sua derrota, nas urnas. O plano para o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes foi revelado na véspera, no âmbito da ‘Operação Contragolpe’, após a prisão de um general, três militares operacionais do batalhão conhecido como ‘kids pretos’ e um policial federal.
Os militares alimentavam um plano para envenenar o presidente eleito e explodir bombas para matar o vice e o ministro do STF. O relatório de 220 páginas com os detalhes da ofensiva já sinalizava o indiciamento de Bolsonaro, apesar de ele não ter sido alvo das diligências levadas ao cabo na terça-feira.
Contragolpe
No devido processo legal, a PF indicou o suposto envolvimento do ex-presidente com a trama golpista. O documento enfatiza as mensagens que citavam Bolsonaro – como o diálogo em que o general Mário Fernandes (alvo principal da ‘Operação Contragolpe’ e próximo do ex-presidente) comemora que o então chefe do Executivo havia aceitado o “nosso assessoramento”.
Na Contragolpe, a PF já indica que Bolsonaro “enxugou” a minuta do golpe que circulava entre bolsonaristas no final de seu governo “com a finalidade de consumar o golpe de Estado”. Em outro trecho do documento, a corporação frisou que, em dezembro de 2022, o ex-presidente “estava naquele momento empenhado para consumação do golpe de Estado, tentando obter o apoio das Forças Armadas”.
Junto com Bolsonaro, na lista de indiciados, constam também os generais reformados Augusto Heleno e Walter Braga Netto. As prisões desta terça-feira e as informações adicionais, prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, em depoimento encerrado nesta tarde ao ministro Moraes, relacionam Heleno e Braga Netto ao golpe falido.
Inquérito
Os nomes de ambos constam também nos demais depoimentos como os principais coordenadores do golpe que um grupo de militares levou adiante, até a invasão dos prédios públicos, na Praça dos Três Poderes. A intentona falhou, no entanto, quando o generalato do Alto Comando do Exército, em sua maioria, vetou as ações previstas, entre elas o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes.
Uma vez despachado do gabinete de Moraes para análise da PGR, o relatório da PF com mais de 200 páginas informará o Judiciário, com riqueza de detalhes nomes, codinomes, celulares, diálogos, ações, armamentos – tais como metralhadoras e um tipo de bazuca que eles pretendiam usar –; além de celulares descartáveis, com os quais eles poriam o plano em ação.
Assim, o relatório da PF sobre o golpe de Estado falido durante o governo Bolsonaro traz “acusações contundentes” contra o ex-mandatário e seus assessores, segundo autoridades que tiveram acesso ao texto. O documento, concluído nesta tarde, foi encaminhado para despacho do relator do processo, ministro Alexandre de Moraes.