Aliados de Bolsonaro têm dito à mídia conservadora que a eleição interna da Câmara foi um dos temas discutidos durante o encontro, mas o ponto central da pauta foram mesmo os artifícios legais capazes de impedir que Bolsonaro seja preso, caso seja indiciado por ilícitos penais praticados ao longo de seu único mandato.
Por Redação – de Brasília
Presidente da Câmara, o deputado Arthur Lira (PP-AL) reuniu-se, na semana passada, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando acertaram uma série de medidas no âmbito parlamentar na tentativa de evitar que o ex-mandatário neofascista seja preso por crimes possivelmente cometidos, em fase de investigação pela Polícia Federal (PF). Lira busca o apoio do PL para sua sucessão, posto que o partido detém a maior bancada na Casa.
Aliados de Bolsonaro têm dito à mídia conservadora que a eleição interna da Câmara foi um dos temas discutidos durante o encontro, mas o ponto central da pauta foram mesmo os artifícios legais capazes de impedir que Bolsonaro seja preso, caso seja indiciado por ilícitos penais praticados ao longo de seu único mandato.
Desentendido
Logo após o encontro com Bolsonaro, o presidente da Câmara liberou para o Plenário o debate de um Projeto de Lei (PL) que descarta a delação premiada de réus presos. Caso seja aprovado, o texto liberaria Bolsonaro das denúncias formuladas por seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid. O militar e o pai dele foram apontados por desviar objetos caríssimos, cravejados de diamantes, para venda nos EUA.
A venda de joias pertencentes à União, inclusive, está entre os inquéritos mais adiantados, no âmbito policial. Nesta manhã, Bolsonaro (PL) se fez de desentendido ao comentar sobre a nova joia que teria sido negociada por seus emissários. Ele disse “desconhecer” o referido item, que entrou na mira de investigadores da Polícia Federal (PF).
— Desconheço essa nova joia. Não sei nem o que é (o objeto). Se teve algo nesse sentido (negociação), sequer chegou ao meu conhecimento. Sobre essa questão de presentes recebidos, havia muitas pessoas. Algumas informações me chegavam muito depois. E, por vezes, nem chegavam até mim — disse Bolsonaro ao colunista Paulo Cappelli, do site brasiliense de notícias ‘Metrópoles’.
Processo
Em recente operação nos EUA, com apoio do Federal Bureau of Investigation (FBI), a PF descobriu a existência de um vídeo com uma nova joia, negociada no exterior. As provas foram anexadas ao inquérito que investiga o envolvimento de Bolsonaro no furto qualificado de bens da União.
Os investigadores já apuraram que Bolsonaro foi informado e aprovou a venda de algumas joias, em grandes centros norte-americanos. O material foi desviado pelo ex-mandatário e transportadas no avião da Força Aérea Brasileira (FAB), utilizado para sua fuga do país, pouco antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em dezembro do ano passado.
O processo está prestes a ser encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR). Em um café da manhã com jornalistas, realizado na véspera, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, revelou que quatro inquéritos de alta relevância estão prestes a ser concluídos, com prazo estimado entre junho e agosto deste ano.
Inquéritos
São eles: o que investiga fraude no cartão de vacina; o comércio ilegal de joias da União; a liderança de Bolsonaro no golpe de Estado, frustrado no 8 de Janeiro; e a formação de um sistema secreto de informações contra seus adversários dentro da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN).
Segundo o PGR, Paulo Gonet, apenas as investigações sobre o comércio de joias já serão suficientes para oferecer denúncias, segundo apurou o jornalista
Ricardo Noblat, em seu blog.
“Tão logo os inquéritos sejam oficialmente encerrados, a PGR estará preparada para agir com rapidez. A expectativa é de que a apresentação de denúncias ao Supremo Tribunal Federal (STF) ocorra de forma acelerada, dado que o STF geralmente estipula prazos curtos para a manifestação da PGR após o término dos inquéritos”, conclui o jornalista.