A falta de uma declaração de voto, portanto, torna-se benéfica para a aprovação de projetos essenciais antes do recesso parlamentar, incluindo a regulamentação da reforma tributária, o Orçamento de 2025 e eventuais ajustes fiscais.
Por Redação – de Brasília
A sucessão do deputado Arthur Lira, presidente da Câmara, tornou-se uma vantagem para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que usa o tempo ao seu favor até definir quem receberá o apoio da segunda maior bancada da Casa. Fontes próximas ao Palácio do Planalto acreditam que uma definição antecipada poderia provocar reações dos candidatos preteridos, resultando em possíveis obstruções nas pautas de interesse do governo, no Congresso.
A falta de uma declaração de voto, portanto, torna-se benéfica para a aprovação de projetos essenciais antes do recesso parlamentar, incluindo a regulamentação da reforma tributária, o Orçamento de 2025 e eventuais ajustes fiscais. A eleição para a Mesa Diretora ocorre logo nos primeiros dias de fevereiro, após as férias dos congressistas.
Compromissos
No Planalto, aumenta a pressão para que a bancada petista protele, ao máximo, o comprometimento com um dos nomes em disputa. Nos bastidores, é voz corrente que a maioria dos parlamentares do PT prefere Hugo Motta (Republicanos-PB), interpretando essa escolha como uma estratégia para evitar o confronto direto com Lira. Na última terça-feira, Motta declarou confiança no apoio petista, evidenciando que o diálogo está avançado.
Ocorre, contudo, que nem todos compartilham desse consenso. Parte da bancada da Bahia, com oito representantes, demonstra preferência por Antônio Brito (PSD-BA), enquanto o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), também desponta como possível candidato.
A bancada petista marcou uma reunião para esta terça-feira, mas fontes internas indicam que a decisão final ainda está longe de ser definida. Essa hesitação em firmar apoio a um nome definitivo tem sido observada com ceticismo pelo ‘Centrão’. Para a parte majoritária da Câmara, a disputa já poderia ter chegado a um consenso e a demora apenas beneficia o governo, ao diluir o peso político de Lira no processo.
Decisões
Nos últimos dias de setembro, uma sinalização de apoio a Motta chegou a ser redigida pelo líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG). Ele publicou e apagou uma foto ao lado do deputado, comemorando o aniversário do colega de forma pública, o que foi interpretado como um aceno favorável.
Entre as prioridades da bancada petista está o compromisso do futuro presidente da Câmara de não pautar anistia aos envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. O projeto está na pauta da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta terça-feira e deverá ser aprovado. Para o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), a prioridade agora é assegurar uma Presidência da Câmara que não traga entraves à governabilidade.
— Queremos conversar mais, garantir governabilidade e um presidente da Câmara que não seja problema para o governo — concluiu.