Em ofício endereçado ao ministro Alexandre de Moraes, que determinou a abertura da apuração, a delegada Lorena Lima Nascimento, da Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores, não só informou sobre a instauração oficial da investigação junto à PF, mas também solicitou o compartilhamento de apuração da PGR.
Por Redação - de Brasília
A Polícia Federal (PF) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que abriu inquérito para investigar as declarações falsas do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre relação entre a vacina contra a covid-19 e a infecção pelo vírus da aids. A peça de desinformação foi espalhada pelo presidente no dia 21 de outubro, um dia depois do indiciamento do chefe do Executivo na CPI da Covid por 11 crimes ligados à sua conduta frente à pandemia.
Em ofício endereçado ao ministro Alexandre de Moraes, que determinou a abertura da apuração, a delegada Lorena Lima Nascimento, da Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores, não só informou sobre a instauração oficial da investigação junto à PF, mas também solicitou o compartilhamento de uma apuração feita pela Procuradoria-Geral da República sobre o caso.
O documento datado do dia 25 de fevereiro chegou à Corte Suprema nesta quarta-feira, e também pede o compartilhamento dos autos da investigação em que a PF atribuiu a Bolsonaro violação de sigilo funcional após o compartilhamento de inquérito sigiloso sobre ataque hacker aos sistemas internos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições 2018. A Procuradoria-Geral da República (PGR) opina pelo arquivamento de tal apuração.
Interferência
Em reação às investigações em curso, na PF, o presidente Bolsonaro decidiu trocar a titularidade da Diretoria de Combate ao Crime Organizado e à Corrupção da Polícia Federal. O setor terá um novo delegado responsável, o quarto desde o início do atual governo. O ato foi assinado pelo novo diretor da PF, delegado Márcio Nunes de Oliveira.
A Dicor é uma das áreas mais sensíveis da polícia. A ela está vinculada a equipe encarregada de tocar os inquéritos que miram políticos que estão no cargo, incluindo o presidente da República.
Não está definido ainda se haverá mudança na composição desse grupo, chamado de Coordenação de Inquéritos nos Tribunais Superiores. Uma das investigações apura se Bolsonaro interferiu no comando da PF para proteger parentes e aliados, suspeita levantada pelo ex-ministro da Justiça e presidenciável Sergio Moro.