Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Presidente tem orgulho de ser ignorante, constata cientista político

As atitudes “incivilizadas” do presidente são acompanhadas pelo que resta dos seus apoiadores, que acabam atuando como disseminadores da doença. Como o presidente, afirmam se tratar apenas de uma “gripezinha“.

Quarta, 15 de Abril de 2020 às 12:03, por: CdB

As atitudes “incivilizadas” do presidente são acompanhadas pelo que resta dos seus apoiadores, que acabam atuando como disseminadores da doença. Como o presidente, afirmam se tratar apenas de uma “gripezinha“.

Por Redação, com RBA - de São Paulo
Ao negar, sem nenhuma base científica, a importância do isolamento social como estratégia no combate à disseminação do coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro cria atritos com o seu próprio ministro da Saúde, com governadores, representantes dos poderes Legislativo e Judiciário, especialistas e também com organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS). — De um lado temos a civilidade, a ciência e o conhecimento. Do outro lado, o orgulho de ser ignorante — afirmou o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, à agência brasileira de notícias Rede Brasil Atual (RBA).
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O presidente Bolsonaro se aprofunda no objetivo de levantar o distanciamento social recomendado pela OMS
As atitudes “incivilizadas” do presidente são acompanhadas pelo que resta dos seus apoiadores, que acabam atuando como disseminadores da doença. Como o presidente, afirmam se tratar apenas de uma “gripezinha“, alegam que a doença é uma “invenção” da China ou atribuem à mídia alarde desproporcional sobre o tema.

Saúde pública

Nicoli afirma que é uma espécie de “terraplanismo”, que não encontra respaldo na ciência. — Não é momento de contar com achismos e percepções que não ficam longe de um terraplanismo. (…) Chega a ser uma ignorância birrenta. O pior dos ignorantes é aquele que não reconhece o erro, nem abre a cabeça para ouvir especialistas — afirmou. Não bastasse Bolsonaro e seu orgulho, o time de ministros não fica muito atrás. Segundo Nicoli, o atual ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, trabalhou com todas as forças para enfraquecer a saúde pública, quando era deputado, inclusive votando a favor da Emenda Constitucional (EC) 95, que congelou os gastos na área. — Diante da crise, muda de discurso. Passa a elogiar e a usar o colete com a marca do SUS. Ele não é esse anjo que parece ser — acrescentou.

Preconceituoso

Pior ainda é o ministro da Educação, Abraham Weintraub, que teve pedido de abertura de inquérito, pela Procuradoria-Geral da República (PGR), para investigar crime de racismo cometido contra chineses. Na semana passada, Weintraub fez piada, no Twitter, dizendo que os chineses sairiam “fortalecidos” na geopolítica mundial após a crise decorrente da pandemia de coronavírus. — É curioso que parte dos ministros sequer são especialistas nas pastas que ocupam. O que dirá em outros assuntos, como relações internacionais. Weintraub é um exemplo disso. É um indivíduo absolutamente despreparado, preconceituoso — disse o cientista político. Segundo ele, as relações entre o Brasil e a China só não estão piores devido à pandemia, que também garante sobrevida a Bolsonaro. Em situação de normalidade, o Congresso já teria se movido para afastá-lo, em função dos crimes em série que vem cometendo.
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