Neste ano, a estratégia vai além da eleição majoritária e passa pelo Congresso (Câmara e um terço do Senado) e Assembleias Legislativas. Na atual legislatura, a chamada bancada sindical na Câmara perdeu praticamente um terço de sua representação.
Por Redação, com RBA - de Brasília
À medida que se aproxima a eleição de outubro deste ano, os movimento sociais e os partidos de esquerda tentam se articular para um desafio tão importante quanto a sucessão presidencial. Ampliar a representação no Legislativo será decisivo para “virar o jogo” em relação a leis e reformas aprovadas nos últimos anos que reduziram direitos e enfraqueceram as instituições.
Neste ano, a estratégia vai além da eleição majoritária e passa pelo Congresso (Câmara e um terço do Senado) e Assembleias Legislativas. Na atual legislatura, a chamada bancada sindical na Câmara perdeu praticamente um terço de sua representação. O número caiu de 51 para 35 deputados, sendo 27 reeleitos e oito novos. No período 2011-2014, no primeiro governo Dilma, o total chegou a ser de 83, segundo acompanhamento feito pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). A bancada empresarial na Câmara, nesta legislatura, é quase seis vezes maior.
Estado mínimo
Por isso, “a eleição de trabalhadores e trabalhadoras envolvidos com a luta para o Congresso é decisiva para o futuro”, afirma a secretária-geral da CUT, Carmen Foro, que na semana passada lançou sua pré-candidatura à Câmara pelo PT do Pará – ela é agricultora familiar de origem.
— Nós vimos como o parlamento passa a ter importância fundamental, inclusive para manter alguns governos. Se a gente tivesse a força política necessária, a presidenta Dilma não teria golpeada — acrescenta.
“Nosso parlamento passou a ocupar um lugar decisivo. As coisas são decididas lá”, diz ainda Carmen, enumerando reveses sofridos pelos trabalhadores nos últimos anos.
— Agenda de Estado mínimo, corte de direitos, reforma trabalhista, terceirização, PEC do teto de gastos, menos investimentos em saúde, educação, saneamento básico, agricultura. Parlamento forte significa garantia de direitos, significa democracia — argumenta.
Vergonha
De acordo com a sindicalista, a política da CUT vai no sentido de ampliar as candidaturas, não só do movimento sindical, mas de outras organizações sociais. Por exemplo, população negra, quilombolas, ribeirinhos, agricultores familiares, todos estão sub-representados no parlamento brasileiro.
Mulheres são maioria da população, mas são apenas 15% da Câmara. Pretos e pardos (classificação do IBGE) também representam mais da metade dos brasileiros, mas não chegam a 25%.
— Isso é uma vergonha: jovem não tem no Congresso. Negros e negras, é muito pequena a representação. Nós não estamos representados — resume Carmen, apontando o peso do poder econômico no processo político-eleitoral.