Na noite passada, Bolsonaro disse que o STF interfere nos outros Poderes ao mandar abrir a CPI da Covid. O mandatário citou, ainda, pedidos de impedimento de ministros da corte que estão no Senado e, na visão dele, deveriam ser apreciados.
Por Redação - de Brasília
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atacou mais uma vez, nesta sexta-feira, a integridade do Supremo Tribunal Federal (STF) ao afirmar que falta coragem moral ao ministro Luís Roberto Barroso. Na véspera, o magistrado determinou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), instalasse a CPI da pandemia de Covid-19.
— Pelo que me parece, falta coragem moral para o Barroso e sobra ativismo judicial — disse Bolsonaro aos seus apoiadores, no cercadinho instalado à saída do Palácio da Alvorada.
Em seguida, nas redes sociais, escreveu:
"Falta-lhe coragem moral e sobra-lhe imprópria militância política. Barroso, nós conhecemos teu passado, a tua vida, o que você sempre defendeu, como chegou ao Supremo Tribunal Federal, inclusive defendendo o terrorista Cesare Battisti. Então, use a sua caneta para boas ações em defesa da vida e do povo brasileiro, e não para fazer politicalha dentro do Senado Federal.”
Estado democrático
Na noite passada, Bolsonaro disse que o STF interfere nos outros Poderes ao mandar abrir a CPI da Covid. O mandatário citou ainda pedidos de impedimento de ministros da corte que estão no Senado e, na visão dele, deveriam ser apreciados.
Algumas horas após a declaração do chefe do Executivo, o Supremo emitiu uma nota em que diz que os ministros da corte agem de acordo com a Constituição. O texto não menciona Bolsonaro, mas afirma que contestações a decisões judiciais devem ser feitas pelos procedimentos oficiais adequados.
“O STF reitera que os ministros que compõem a Corte tomam decisões conforme a Constituição e as leis e que, dentro do estado democrático de direito, questionamentos a elas devem ser feitos nas vias recursais próprias, contribuindo para que o espírito republicano prevaleça em nosso país”, diz a nota.
Pingo de moral
Nesta manhã, Bolsonaro disse a jornalistas que "não há dúvida de que há uma interferência do Supremo em todos os Poderes".
— Agora, no Senado, tem pedido de impeachment de ministro do Supremo. Eu não estou entrando nesta briga, mas tem pedido. Será que a decisão não tem que ser a mesma também, para o Senado botar em pauta o pedido de impeachment de ministro do Supremo? — questionou.
Ele mesmo respondeu:
— Não está na hora de, em vez de ficar procurando responsáveis, unir Supremo, Legislativo, Executivo para a busca de soluções? O que que vai levar a abertura da possível CPI? As provas que estamos no caminho certo, que fizemos tudo o possível estão aí.
Aos seus seguidores, o presidente voltou a cobrar a abertura de pedidos de impedimento contra magistrados.
— Se tiver moral, um pingo de moral, ministro Barroso, mande abrir o processo de impeachment contra alguns dos seus companheiros do Supremo Tribunal Federal — repetiu.
Politicalha
As declarações foram gravadas por um canal bolsonarista e compartilhadas pelo presidente em uma rede social. Bolsonaro disse que a decisão de Barroso é "uma jogadinha casada" entre o ministro do STF e a bancada de esquerda do Senado "para desgastar o governo".
— Eles não querem saber do que aconteceu com os bilhões desviados por alguns governadores e alguns poucos prefeitos também — emendou.
Segundo o chefe do Executivo, "não é disso que o Brasil precisa" e fez menção à situação do país na pandemia.
— (O Brasil) vivendo um momento crítico de pandemia, pessoas morrem e o ministro do Supremo Tribunal Federal faz politicalha junto ao Senado Federal — reclamou.