Para 51% dos entrevistados pelo Datafolha nos dias 29 e 30 de março, a perda dos direitos políticos é a punição mais correta para o ex-presidente, que trabalhou para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro mesmo antes de tomar posse, em 2019.
Por Redação - de Brasília
Mais da metade dos eleitores brasileiros quer que Jair Bolsonaro (PL) seja condenado por sua campanha contra as urnas eletrônicas e se torne inelegível por oito anos, conforme prevê a legislação eleitoral. Outros 45% acreditam que ele é inocente e deveria ser poupado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Para 51% dos entrevistados pelo Datafolha nos dias 29 e 30 de março, a perda dos direitos políticos é a punição mais correta para o ex-presidente, que trabalhou para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro mesmo antes de tomar posse, em 2019. Já 45% acreditam que Bolsonaro deve ser liberado pela Justiça Eleitoral para disputar pleitos.
Não souberam avaliar a questão estimulada pelo Datafolha 4% dos 2.028 ouvidos. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Argumentos
Parlamentares e juristas têm dito à mídia que o ex-mandatário neofascista corre risco imediato de ser condenado ao menos em 1 das 16 ações que correm contra ele no TSE. Trata-se daquela proposta pelo PDT que coloca no centro da discussão a reunião que Bolsonaro promoveu com embaixadores estrangeiros em julho do ano passado.
No encontro, ele apresentou sua teoria da conspiração contra a segurança das urnas eletrônicas, repassando argumentos falsos que já havia apresentado diversas vezes, como no caso de uma live em que dizia provar a fragilidade do mecanismo utilizado sem registro de problemas graves no Brasil desde que começou a ser usado em 1996.
Esta é a parte mais tangível das ameaças à democracia estimuladas pelo ex-presidente ao longo de seus quatro anos no poder. Saudosista assumido da ditadura de 1964 e capitão expulso pela Força, sugeriu apoio militar a um autogolpe diversas vezes, só para recuar e dizer que jogava dentro "das quatro linhas da Constituição”.
Brancos e ricos
No encerramento melancólico de sua gestão, Bolsonaro abandonou o país antes do fim do mandato para não passar a faixa a Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e seus apoiadores radicalizaram-se até os ataques golpistas nos atos de 8 de janeiro, em Brasília, em que as sedes dos Três Poderes foram depredadas.
Bolsonaro, que voltou ao Brasil na semana passada após 89 dias de exílio voluntário na Flórida, diz que não há motivos para ser tornado ilegível. A avaliação sobre o destino desejado ao ex-presidente segue o padrão de seu apoio no eleitorado. A defesa da punição é maior entre mulheres e os mais pobres, enquanto homens pró e contra a condenação empatam e os mais ricos, defendem liberar o ex-presidente.