Até no Senado, onde houve um simulacro de debate sobre o tema, com direito a encenação teatral, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) gerou grande repercussão nas redes sociais após seu discurso, na Tribuna, na noite passada. Em sua fala, a senadora sugeriu que Nyedja Gennari, contadora de histórias e atriz que havia representado um feto sendo abortado em uma audiência pública promovida pela oposição no dia anterior, também encenasse uma situação de estupro.
Por Redação – de Brasília
Em um pronunciamento nesta quarta-feira, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL) anunciou o recuo na tentativa de aprovar o Projeto de Lei (PL) que criminaliza vítimas de estupro ao equiparar o aborto legal após a 22ª semana ao crime de homicídio. Acompanhado do colégio de líderes, ele afirmou que o chamado ‘PL do estupro’ será analisado no segundo semestre, após o recesso, em uma “comissão colaborativa”. As indicações para a comissão que vai debater o texto serão feitas a partir de agosto.
— O colégio de líderes aceitou debater este tema, de forma ampla, no segundo semestre, com uma comissão colaborativa, após o recesso, sem pressa ou açodamento — disse Lira, que não abriu espaço para perguntas dos repórteres.
Lira também não falou sobre a retirada da urgência na tramitação do PL, como pede o PSOL. Assim, o caminho legislativo oficial ainda prescinde da análise nas comissões já instituídas na Casa.
Sem aviso
Lira também tentou se defender das críticas de que pautou o projeto por vontade própria.
— É fundamental para exaurir todas as discussões e criar segurança jurídica, moral e científica. A decisão da pauta da Câmara não é monocrática. Somos uma Casa de 513 parlamentares. Qualquer decisão é colegiada — diz ele.
As críticas a Lira vieram após a aprovação da urgência para votação do PL na última quarta-feira. Sem qualquer aviso e sem citar sequer o assunto que iria a voto, em Plenário, o presidente da Casa pautou e encerrou a votação em exatos 23 segundos. A urgência foi aprovada em votação simbólica – sem registro do voto de cada deputado no painel eletrônico.
Estupro
A reação política e social contra o PL, no entanto, foi imediata e massiva. A bancada evangélica mais radical ficou isolada na defesa do texto, que gerou reações no meio político e nas ruas. Diversas cidades registraram atos contra o projeto.
Até no Senado, onde houve um simulacro de debate sobre o tema, com direito a encenação teatral, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) gerou grande repercussão nas redes sociais após seu discurso, na Tribuna, na noite passada. Em sua fala, a senadora sugeriu que Nyedja Gennari, contadora de histórias e atriz que havia representado um feto sendo abortado em uma audiência pública promovida pela oposição no dia anterior, também encenasse uma situação de estupro.
— Eu queria até o telefone, o contato, daquela senhora que esteve aqui ontem, encenando aquilo que nós vimos. Sabe por quê? Porque eu quero ver ela encenando a filha, a neta, a mãe, a avó, a esposa de um parlamentar sendo estuprada — concluiu.