Desta vez, a votação pela abertura do processo de impedimento contou com 88 votos favoráveis dos 137 parlamentares, ultrapassando o mínimo necessário para a continuidade da ação.
Por Redação, com CartaCapital - de Quito
A Assembleia do Equador aprovou na terça-feira um novo processo de impeachment contra o presidente Guillermo Lasso. Esta é a segunda tentativa de depor o ex-bancário em menos de um ano.
Desta vez, a votação pela abertura do processo de impedimento contou com 88 votos favoráveis dos 137 parlamentares, ultrapassando o mínimo necessário para a continuidade da ação. A data de votação da deposição de Lasso deve ser definida dentro de 10 dias.
O chefe do Executivo é acusado de cometer peculato na gestão da estatal Flopec e do grupo internacional Amazonas Tanker, em contratos firmados entre 2018 e 2020. O prejuízo é estimado em 6 milhões de dólares à empresa equatoriana.
Lasso sempre negou as acusações de que foi leniente com supostos desfalques relacionados aos contratos. Ele argumenta que o documento foi assinado em 2018, três anos antes de assumir o cargo, e que seu governo negociou mudanças lucrativas no acordo.
A votação ocorreu apesar de um relatório do comitê de supervisão da assembleia sobre o caso concluir que não havia motivo para o impedimento de Lasso.
Testemunhas
O grupo ouviu testemunhas no mês passado e quatro dos nove membros do comitê chegaram a essa conclusão, a reforçar a versão dos aliados do presidente.
A resolução aprovada pela deposição afirma que “a Assembleia Nacional acusa o presidente da República porque, juntamente com Hernán Luque Lecaro [ex-presidente do grupo coordenador de empresas públicas], definiu a continuação de contratos de transporte de petróleo a favor de terceiros, cientes de que representavam um prejuízo para o Estado”.
O documento contou com apoio de diversos partidos, como o movimento União pela Esperança, o Partido Social Cristão, o movimento indígena Pachakutik e outros independentes.
Ao todo, a sessão durou mais de cinco horas e teve quórum de 116 congressistas. Ao final da votação, houve aplausos e gritos de “fora, Lasso”.
Para depor o presidente equatoriano, é necessário o endosso de dois terços da Assembleia, o equivalente a 92 votos.
À frente da proposta de deposição está o movimento de esquerda Revolução Cidadã, do ex-presidente Rafael Correa. Ele foi vice-presidente na chapa que concorreu com Lasso nas últimas eleições do Equador, em 2021.
A outra tentativa de impeachment contra Lasso ocorreu em junho de 2022, mas não prosperou. Na ocasião, o país lidava com protestos indígenas contra o alto custo de vida, e um grupo de deputados apresentou uma moção de destituição por grave comoção social.