Rio de Janeiro, 05 de Dezembro de 2025

Disputa presidencial no Chile será decidida no segundo turno

As eleições presidenciais no Chile resultaram em um segundo turno entre Jeannette Jara e José Antonio Kast, com participação recorde de 85%.

Segunda, 17 de Novembro de 2025 às 10:58, por: CdB

Com a quase totalidade dos votos apurados, a ex-ministra do Trabalho do atual governo do presidente Gabriel Boric venceu com 26,8%, pouco mais de 340 mil votos, o advogado ultracatólico Kast obteve 23,9%.

Por Redação, com Lusa – de Santiago, no Chile

A candidata de esquerda, Jeannette Jara, e José Antonio Kast, da direita radical, foram os mais votados nas eleições presidenciais do Chile, no domingo, e vão ao segundo turno em 14 de dezembro.

Disputa presidencial no Chile será decidida no segundo turno | Jeannette Jara e José Antonio Kast foram os mais votados nesse domingo
Jeannette Jara e José Antonio Kast foram os mais votados nesse domingo

Com a quase totalidade dos votos apurados, a ex-ministra do Trabalho do atual governo do presidente Gabriel Boric venceu com 26,8%, pouco mais de 340 mil votos, o advogado ultracatólico Kast obteve 23,9%.

A eleição teve participação recorde de 85% dos eleitores.

A vitória no primeiro turno foi mais apertada do que as pesquisas previam para Jara, única candidata de esquerda e primeira militante comunista da ala política progressista numa eleição presidencial.

Jara reconheceu, ontem à noite, que “os desafios são imensos”, garantindo que a partir de hoje vai ouvir quase metade dos chilenos que não votaram nem nela nem em Kast.

A surpresa da noite foi o resultado do populista de direita Franco Parisi, que ficou em terceiro lugar (19,5%) e cujos apoiadores poderão ser fundamentais no segundo turno.

Embora tenha tentado se distanciar de Boric durante a campanha, Jara enfrenta o desafio de aumentar o apoio ao governo — cuja aprovação não chegou aos 30% — e reverter o chamado pêndulo chileno (expressão usada para descrever as oscilações bruscas e recorrentes na direção política do Chile). Desde 2006, nenhum mandatário entregou a faixa presidencial a um sucessor do mesmo partido político.

– Não deixem que o medo congele os vossos corações. Aqueles que nos dividem e semeiam o ódio prestam péssimo serviço ao futuro do Chile – afirmou a advogada de 51 anos, que era praticamente desconhecida antes de entrar no governo e liderar a aprovação de algumas reformas importantes, como a das pensões ou o aumento do salário mínimo.

Últimas pesquisas

Quanto a Kast, várias das últimas pesquisas antes da eleição apontavam queda considerável no seu apoio e até mesmo um empate com outro candidato da ultradireita, ainda mais radical, Johannes Kaiser, o que acabou não acontecendo.

Ex-deputado e líder do Partido Republicano, Kast fez campanha em torno do aumento da criminalidade e da migração irregular.

O candidato evitou falar em público sobre as suas convicções ultraconservadoras em matéria de liberdades individuais, bem como a defesa da ditadura que governou o país entre 1973 e 1990.

Em discurso nesse domingo, Kast afirmou que “o Chile acordou”, em alusão ao slogan que marcou os protestos massivos de 2019.

“Após seis anos de violência, ideologia e mediocridade, hoje milhões de chilenos decidiram abraçar um projeto que é a oposição a este governo fracassado”, disse o ultraconservador, admirador dos líderes dos Estados Unidos e de El Salvador, Donald Trump e Nayib Bukele, respectivamente.

Para o segundo turno, Kast já conta com o apoio de Kaiser e da representante da direita tradicional, a ex-administradora Evelyn Matthei, que ficou em quinto lugar:

– À terceira é de vez! – disse Kast, em seu discurso. O ultraconservador concorre pela terceira vez à Presidência, tendo perdido para Boric em 2021.

O Chile realizou, paralelamente, no domingo, eleições parlamentares para renovar toda a Câmara dos Deputados e parte do Senado. Nessas eleições, os apoiadores de Kast conseguiram avanço considerável nas duas câmaras, o que pode conferir estabilidade a um eventual governo de extrema-direita.

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