Rio de Janeiro, 08 de Dezembro de 2025

Com crítica à apatia global, ONU apresenta pedido humanitário para 2026

O panorama apresentado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) em Genebra reforça o caráter emergencial da situação global.

Segunda, 08 de Dezembro de 2025 às 10:31, por: CdB

O panorama apresentado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) em Genebra reforça o caráter emergencial da situação global.

Por Redação, com ANSA – de Genebra

A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou, nesta segunda-feira, a “apatia mundial” diante do sofrimento de milhões de pessoas ao redor do planeta ao apresentar sua campanha de ajuda humanitária para 2026, que será significativamente reduzida devido à forte queda no financiamento.

Com crítica à apatia global, ONU apresenta pedido humanitário para 2026 | Multidão à espera de ajuda alimentar em Gaza
Multidão à espera de ajuda alimentar em Gaza

– Esta é uma era de brutalidade, impunidade e indiferença – declarou o chefe humanitário da ONU, Tom Fletcher, em coletiva de imprensa em Nova York.

Ele ressaltou que a organização espera arrecadar ao menos US$ 23 bilhões, destinados a ajudar 87 milhões de pessoas atingidas por conflitos e crises em regiões como Gaza, Sudão, Haiti, Myanmar e Ucrânia.

O panorama apresentado pelo Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) em Genebra reforça o caráter emergencial da situação global.

Segundo o organismo, o apelo humanitário total para 2026 buscaria levantar US$ 33 bilhões, recursos que permitiriam apoiar 135 milhões de pessoas em 50 países, mas a meta seria difícil de alcançar, dado o corte na ajuda externa promovido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Fletcher destacou que o redimensionamento implicou decisões muito difíceis e disse esperar que Washington reconheça as reformas adotadas para melhorar a eficiência e volte a “renovar o compromisso” de assistência. 

Populações afetadas

O apelo, para apoiar populações afetadas por guerras, desastres climáticos, terremotos, epidemias ou más colheitas, surge após um ano em que os recursos humanitários foram severamente sobrecarregados.

Em 2025, o financiamento humanitário chegou a aproximadamente US$ 12 bilhões, o menor nível da última década. Como consequência, 25 milhões de pessoas a menos receberam assistência em comparação a 2024.

De acordo com o OCHA, a insuficiência de recursos provocou uma série de retrocessos graves: aumento da fome, colapso de sistemas de saúde, interrupção massiva da educação e paralisação de operações de desminagem.

Em meio ao agravamento de conflitos, “civis foram expostos ao total desrespeito pelas leis da guerra e mais de 320 trabalhadores humanitários foram mortos”.

– Estamos sobrecarregados, com poucos recursos e sob ataque – lamentou Fletcher, criticando o cenário global e a afirmando que países têm investido mais energia e dinheiro “em novas maneiras de se matar”, enquanto desmontam mecanismos essenciais criados “para nos proteger de nossos piores instintos”.

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