Gustavo Petro lidera intenções de votos na eleição presidencial colombiana, algo inédito para a esquerda do país sul-americano. Conservador e populista também disputam vaga no segundo turno.
Por Redação, com DW - de Bogotá
Os colombianos foram às urnas neste domingo para eleger o próximo presidente do país. Quase 39 milhões de eleitores foram convocados para escolher quem vai suceder o atual mandatário Iván Duque e comandar o país entre 2022 e 2026. Seis candidatos disputam o páreo, após duas desistências, e o pleito tem um fato inédito: pela primeira vez um candidato de esquerda lidera as pesquisas. Num país cansado da violência do conflito armado, do tráfico de drogas e da criminalidade, corrupção, pobreza e desigualdade que alimentaram protestos populares em 2019 e 2021, Gustavo Petro, candidato da coligação de esquerda Pacto Histórico, encontrou terreno fértil para o seu discurso de mudança. Ex-guerrilheiro de 62 anos que comandou a prefeitura de Bogotá e que hoje ocupa uma cadeira no Senado, Petro concorre pela terceira vez à Presidência da República. Ele aparece com entre 35% e 40% das intenções de voto em diferentes pesquisas. Seu nome está praticamente confirmado no segundo turno. Entre as propostas de Petro estão eliminar impostos de produtos da cesta básica, taxar grandes fortunas e avançar com a reforma agrária, além de retomar as negociações com os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), que foram interrompidas pelo atual presidente, Iván Duque. Ele ainda propôs impor um prazo de validade para o funcionamento da indústria petrolífera do país, através da suspensão dos contratos de exploração, com o objetivo de avançar para "uma economia produtiva, não-extrativista" e fazer uma "transição para as energias limpas". Essa última proposta ainda assusta os mercados, já que a extração de petróleo representa cerca de 5% do PIB colombiano. Num encontro com representantes de empresas americanas, Petro comparou o petróleo e o carvão – duas indústrias legais – com a cocaína, dizendo serem "três venenos", o que gerou ainda mais controvérsia. Na campanha de Petro também se destaca a escolha da sua vice, a líder afro-colombiana Francia Márquez, que pode ser tornar a primeira mulher negra a assumir o segundo posto do Executivo do país.