Rio de Janeiro, 21 de Novembro de 2024

Colômbia vai às urnas com esquerda no topo das pesquisas

Arquivado em:
Domingo, 29 de Maio de 2022 às 08:07, por: CdB

Gustavo Petro lidera intenções de votos na eleição presidencial colombiana, algo inédito para a esquerda do país sul-americano. Conservador e populista também disputam vaga no segundo turno.

Por Redação, com DW - de Bogotá 

Os colombianos foram às urnas neste domingo para eleger o próximo presidente do país. Quase 39 milhões de eleitores foram convocados para escolher quem vai suceder o atual mandatário Iván Duque e comandar o país entre 2022 e 2026. Seis candidatos disputam o páreo, após duas desistências, e o pleito tem um fato inédito: pela primeira vez um candidato de esquerda lidera as pesquisas.
colombia.jpeg
Os colombianos foram às urnas
Num país cansado da violência do conflito armado, do tráfico de drogas e da criminalidade, corrupção, pobreza e desigualdade que alimentaram protestos populares em 2019 e 2021, Gustavo Petro, candidato da coligação de esquerda Pacto Histórico, encontrou terreno fértil para o seu discurso de mudança. Ex-guerrilheiro de 62 anos que comandou a prefeitura de Bogotá e que hoje ocupa uma cadeira no Senado, Petro concorre pela terceira vez à Presidência da República. Ele aparece com entre 35% e 40% das intenções de voto em diferentes pesquisas. Seu nome está praticamente confirmado no segundo turno. Entre as propostas de Petro estão eliminar impostos de produtos da cesta básica, taxar grandes fortunas e avançar com a reforma agrária, além de retomar as negociações com os guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN), que foram interrompidas pelo atual presidente, Iván Duque. Ele ainda propôs impor um prazo de validade para o funcionamento da indústria petrolífera do país, através da suspensão dos contratos de exploração, com o objetivo de avançar para "uma economia produtiva, não-extrativista" e fazer uma "transição para as energias limpas". Essa última proposta ainda assusta os mercados, já que a extração de petróleo representa cerca de 5% do PIB colombiano. Num encontro com representantes de empresas americanas, Petro comparou o petróleo e o carvão – duas indústrias legais – com a cocaína, dizendo serem "três venenos", o que gerou ainda mais controvérsia. Na campanha de Petro também se destaca a escolha da sua vice, a líder afro-colombiana Francia Márquez, que pode ser tornar a primeira mulher negra a assumir o segundo posto do Executivo do país.

Quem vai enfrentar Petro?

Mas ainda há dúvidas sobre quem enfrentará Petro no segundo turno. Na segunda posição nas pesquisas aparece o conservador Federico "Fico" Gutiérrez, ex-prefeito de Medellín, de 47 anos, com 20% a 25% das intenções de voto. Defensor de um liberalismo moderado, ele propõe aumentar investimentos em infraestrutura, o que o tornou o candidato favorito do mercado. Gutiérrez é seguido de perto pelo empresário populista independente Rodolfo Hernández, de 77 anos, que soma 19% das intenções de votos. Já tendo sido apelidado "Trump Tropical" pela imprensa local, ele subiu nos levantamentos nos dias que precederam o primeiro turno. Recentemente, Hernández obteve o apoio da ex-refém da guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) Íngrid Betancourt, única mulher que disputava a eleição, e que decidiu desistir da corrida devido aos maus resultados nas sondagens. Candidato do movimento Liga de Governadores Anticorrupção, criada por ele mesmo, Hernández evita se definir politicamente, embora suas propostas tendam mais ao populismo. Em sua carreira política fez do título de "engenheiro" algo indissociável de seu nome, dando a ideia de que por ser rico não precisaria roubar dos cofres públicos. O empresário chegou à disputa pela presidência com algumas polêmicas pelo caminho, como uma entrevista em 2016, na qual afirmou que admirava Adolf Hitler, ou quando agrediu um vereador, dois anos depois. Um fator fundamental nestas eleições será a abstenção. Em 2018, cerca de 47% dos colombianos decidiu não ir votar, ao passo que no referendo sobre a paz, em 2016, a abstenção foi de 62% e uma das chaves para a vitória do "não" ao acordo com as Farc. Se não houver vencedor, o segundo turno será realizado em 19 de junho, com os dois candidatos mais votados.
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo