Em conversa com seus seguidores habituais na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que o desenvolvimento de vacinas leva tempo e não há motivo para “correr em cima dessa (contra a covid-19)”.
Por Redação - de Brasília
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a defender, nesta segunda-feira, a tese de que seria mais fácil e barato investir em uma cura para a covid-19 do que em uma vacina. Da mesma forma, é a favor do uso de medicamentos sem comprovação científica para combater a doença, a exemplo da cloroquina.
Em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro afirmou que o desenvolvimento de vacinas leva tempo e não há motivo para “correr em cima dessa (contra a covid-19).”
— Eu dou minha opinião pessoal: não é mais barato e fácil investir na cura que na vacina? Ou jogar nas duas mas também não esquecer a cura?. Eu sou um exemplo. Eu tomei cloroquina, outros tomaram ivermectina outros tomaram Annita... e pelo que tudo indica todo mundo que tomou precocemente uma das três alternativas aí foi curado — imagina.
Nenhum dos três medicamentos citados pelo presidente têm eficácia comprovada cientificamente contra Covid-19. Annita, nome comercial do vermífugo nitazoxanida --medicamento mais recente a entrar na lista dos indicados por Bolsonaro--, mostrou algum sucesso na redução da carga viral, de acordo com estudo feito no Brasil, mas não teve impacto nos sintomas da doença.
Pazuello
Depois de obrigar o Ministério da Saúde a suspender a compra da vacina desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, com a cooperação do Instituto Butantan, na semana passada, o presidente afirmou, nesta segunda, que o governo não pode correr para comprar uma vacina.
— O que a gente tem que fazer aqui é não querer correr, não querer atropelar, não querer comprar dessa ou daquela sem comprovação ainda — afirmou.
Apesar das declarações de Bolsonaro desta segunda, o presidente assinou em agosto uma medida provisória que destina R$ 1,9 bilhão para a compra de doses e posterior produção local da potencial vacina contra covid-19 desenvolvida pela farmacêutica britânica AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, no Reino Unido.
— Hoje (segunda) vou estar com ministro Pazuello para tratar desse assunto, porque temos uma jornada pela frente onde parece que foi judicializada essa questão e eu entendo que isso não é questão de Justiça, é questão de saúde. Não pode um juiz decidir se você vai ou não tomar vacina, isso não existe — concluiu.