Bolsonaro também é alvo de outros inquéritos, entre eles o possível envolvimento nos atos golpistas do 8 de Janeiro; além de outros possíveis crimes no inquérito das milícias digitais.
Por Redação - de Brasília
Condenado à inelegibilidade por oito anos, o ex-mandatário neofascista Jair Bolsonaro (PL) tende a ser punido também na esfera criminal, nos próximos meses. Sem mandato, o político de ultradireita precisará responder ainda, no Supremo Tribunal Federal (STF), por seus avanços contra a democracia brasileira, amparadas em notícias falsas e outros subterfúgios.
Bolsonaro também é alvo de outros inquéritos, entre eles o possível envolvimento nos atos golpistas do 8 de Janeiro; além de outros possíveis crimes no inquérito das milícias digitais. Os votos de alguns ministros no TSE, entre eles o do relator, Benedito Gonçalves, e o de Alexandre de Moraes, relator das investigações criminais, indicam que Bolsonaro é visto como um integrante dos grupos criminosos que atuaram na tentativa frustrada de golpe.
Ao defender a inclusão no processo de cassação do ex-presidente da minuta de golpe encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ministro sinaliza que o golpe proposto ali seria a materialização do discurso de Bolsonaro e de seus aliados ao longo de todo o governo e, com mais força desde 2021, contra o sistema eleitoral.
"É evidente que a minuta materializou em texto formalmente técnico uma saída para o caso de surgirem indícios de fraude eleitoral em 2022. Isso em contexto no qual a hipótese de fraude era tratada como equivalente à derrota do candidato à reeleição presidencial”, votou o ministro.
Cenário
Com a escalada golpista após a derrota na eleição, as investigações da Polícia Federal (PF) indicam a participação de Bolsonaro em crimes passíveis de penas de reclusão. A interpretação quanto aos votos dos ministros do TSE vai na linha de que houve a disseminação de notícias falsas contra o sistema eleitoral por Bolsonaro e seus aliados, o que criou o cenário para a materialização das investidas contra os Três Poderes.
Os bloqueios nas rodovias, a tentativa de invasão do prédio da PF em Brasília, a bomba instalada em caminhão próximo ao aeroporto da capital federal, chegando à invasão e depredação dos prédios dos três Poderes seriam, então, fatos concatenados. A relação das Forças Armadas com todo esse processo também é alvo da apuração.
Depoimentos à PF no inquérito das milícias também apontam para ao menos dois generais do círculo mais próximo de Bolsonaro, que usaram de suas posições para atacar os resultados das urnas. Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro da Secretaria-Geral mas com passagem por Casa Civil e Secretaria de Governo, e Augusto Heleno, este por meio da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), atuaram com Bolsonaro em busca de informações para atacar o sistema eleitoral desde a eleição que o conduziu ao Palácio do Planalto.