Dois dias depois de jornalistas serem agredidos em uma manifestação da ultradireita golpista, o presidente Jair Bolsonaro voltou a ofender os repórteres e chamar a imprensa de “canalha”. Ele também insuflou seus apoiadores contra esses profissionais, ao mesmo tempo em que confirmou a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, mesmo negando que tivesse influenciado essa decisão.
Por Redação - de Brasília
Visivelmente transtornado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ofereceu aos brasileiros, na manhã desta terça-feira, uma nova demonstração do desequilíbrio emocional porque passa, nas últimas semanas. Ele mandou os jornalistas que o aguardavam à saída do Palácio da Alvorada calar a boca.
Dois dias depois de jornalistas serem agredidos em uma manifestação da ultradireita golpista, o presidente Jair Bolsonaro voltou a ofender os repórteres e chamar a imprensa de “canalha”. Ele também insuflou seus apoiadores contra esses profissionais, ao mesmo tempo em que confirmou a troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro, mesmo negando que tivesse influenciado essa decisão.
Depois de tomar posse em uma cerimônia fechada, apenas 20 minutos após sua nomeação sair no Diário Oficial, o novo diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre Souza, teve como seu primeiro ato o convite para que o superintendente do órgão no Rio de Janeiro, Carlos Henrique Oliveira, assumisse a diretoria-executiva da PF em Brasília.
— Não tem nenhum parente meu investigado pela PF, nem eu nem meus filhos. O superintendente está indo ser o diretor-executivo. São 27 superintendentes e ele está indo ser o diretor-executivo. Se fosse desafeto meu e eu tivesse ingerência, não iria para lá. É o 02 — afirmou Bolsonaro.
Assista, adiante, à gravação dos desaforos:
Superintendências
O cargo de diretor-executivo, como disse o presidente, representa o número dois na hierarquia da PF mas, ao contrário do que parece, não tem função operacional. A diretoria-executiva administra o órgão, não se envolve em investigações ou operações.
Ao pedir demissão do Ministério da Justiça, o ex-ministro Sergio Moro afirmou que o presidente pretendia influenciar politicamente na Polícia Federal. Citou, além do diretor-geral, dois cargos que Bolsonaro pretendia trocar: a superintendência do Rio de Janeiro e a de Pernambuco.
Irritado pelas manchetes que apontavam sua influência na troca do superintendente, especialmente a do jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro chamou a imprensa de “canalha” e afirmou que a maioria só publicava “patifaria”.
‘Canalha’
Quando os repórteres tentaram fazer perguntas, o presidente respondeu: “cala a boca”.
— Cala a boca! Eu não te perguntei nada. Cala a boca! Manchete canalha e vocês da mídia, grande parte tenham vergonha na cara, só publicam patifaria! — gritou.
Insuflados pelos ataques do presidente parte dos apoiadores de Bolsonaro, que ficam separados dos jornalistas por duas grades, aproveitou também para atacar a imprensa. “Mídia porca”, “nojentos” e “lixo” eram gritados para os repórteres, mesmo depois de Bolsonaro deixar o local.
Agressões
No domingo, durante manifestação a favor de Bolsonaro, jornalistas foram agredidos, empurrados e xingados por apoiadores do presidente. O fotógrafo Dida Sampaio, do jornal Estado de S. Paulo, foi derrubado de cima de uma escada e levou socos e chutes. Orlando Brito, fotógrafo do site Poder 360, levou um soco no rosto e teve os óculos quebrados.
Nesta terça, Bolsonaro afirmou que houve um “superdimensionamento” do caso porque o interesse da imprensa é “nos tirar daqui”.