De acordo com a pesquisa, o chefe do Executivo e seus descendentes ocupam os quatro primeiros postos no ranking mundial dos ataques. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) lidera a lista, com 208 agressões à imprensa. Na sequência, vêm o presidente, com 103.
Por Redação, com agências internacionais - de Brasília e Paris
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seus filhos foram responsável por hostilizar jornalistas 580 vezes em 2020. O dado consta de levantamento da ONG Repórteres sem Fronteiras (RSF), que acompanha esse tipo de ocorrência no mundo.
De acordo com a pesquisa, o chefe do Executivo e seus descendentes ocupam os quatro primeiros postos no ranking mundial dos ataques. O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) lidera a lista, com 208 agressões à imprensa. Na sequência, vêm o presidente, com 103; o vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), que soma 89 casos; e o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), com 69. Juntos, eles somam 469 casos.
A lista traz, na sequência, nomes como os dos ministros Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Onyx Lorenzoni (Cidadania) e do vice-presidente da República, Hamilton Mourão.
Imprensa
Segundo a RSF, as redes sociais foram o palco principal dos ataques. O Twitter, por exemplo, abrigou 409 delas, enquanto o Facebook registrou 10 e as chamadas “lives” tiveram 17 casos. Mas não só a internet serviu de substrato para a pesquisa da organização, que contabilizou ainda entrevistas e aparições públicas, incluindo as coletivas informais concedidas por Bolsonaro nas imediações do Palácio da Alvorada, em Brasília (DF), onde mora.
O ano de 2020, também no relatório da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), foi o ano mais violento desde o início da série histórica dos registros dos ataques à liberdade de imprensa, iniciada na década de 1990. O estudo, intitulado Violência contra jornalistas e liberdade de imprensa no Brasil, divulgado nesta terça-feira, aponta 428 casos de violência, o que representa 105,7% a mais em relação ao ano de 2019, que teve 208 registros.
Neste relatório, o número crescente de casos liga as ações do presidente Bolsonaro para descredibilizar a imprensa e de seus apoiadores contra veículos de comunicação social e contra os jornalistas. Dos 428 casos, 152 (35,5%) foram de discursos que buscavam desqualificar a informação jornalística.
Censura
De acordo com a Fenaj, sozinho, Bolsonaro foi responsável por 145 casos de descredibilização da imprensa, por meio de ataques a veículos de comunicação e a profissionais, e outros 26 registros de agressões verbais, duas ameaças diretas a jornalistas e dois ataques à FENAJ, totalizando 175 casos, o que corresponde a 40,8% do total.
No ano passado, houve duas mortes de jornalistas, por dois anos seguidos. O crescimento da violência foi expressivo nas categorias de Censuras (750% a mais) e Agressões verbais/Ataques virtuais (280% a mais).
As agressões físicas eram a violência mais comum até 2018, mas diminuíram em 2019 e, em 2020, voltaram a crescer: foram 32 casos, 17 a mais do que as 15 ocorrências registradas no ano passado. O crescimento foi de 113,3%. Já os episódios de cerceamento à liberdade de imprensa, por meio de ações judiciais, cresceram 220%: foram 16 casos neste ano contra cinco em 2019.
Ataques
O Centro-Oeste foi a região brasileira com maior número de atentados à liberdade de imprensa no de ano de 2020. O Sudeste se mantém como a região com mais casos de violência direta contra jornalistas. Em números, o Centro-Oeste registrou, em 2020, 130 casos de violência contra jornalistas e ataques à liberdade de imprensa, totalizando 48,5% do total.
Na Região Nordeste, foram 19 casos (6,8% do total). Entre os estados da região, o Ceará continuou sendo o mais violento para a categoria, com sete casos. Bahia, Paraíba e Pernambuco registraram três ocorrências cada (1,09% do total).