O ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, também é mencionado como integrante de um grupo de oficiais de alta patente que teriam utilizado suas posições para influenciar e incitar apoio a ações visando à realização de um golpe de Estado.
Por Redação – de Brasília
Ex-comandante da Marinha no governo Jair Bolsonaro (PL), o almirante Almir Garnier está a apenas alguns dias para ser indiciado pela Polícia Federal (PF), por sua possível participação no golpe de Estado fracassado em 8 de Janeiro. Segundo a PF, Garnier foi o único entre os três chefes militares a oferecer suas tropas para uma ação golpista.
O ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, também é mencionado como integrante de um grupo de oficiais de alta patente que teriam utilizado suas posições para influenciar e incitar apoio a ações visando à realização de um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.
Atual ministro da Defesa, José Múcio, disse acreditar que não haverá reação pública negativa a em relação ao indiciamento de Garnier. Segundo Múcio, tanto a Marinha quanto o Exército e a Aeronáutica têm interesse em distinguir os militares legalistas daqueles que cometeram crimes.
Abin
Em fevereiro deste ano, a PF deflagrou a ‘Operação Tempus Veritatis’, para apurar uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, visando à manutenção do então presidente da República no poder. Garnier foi um dos 33 alvos de busca e apreensão por ocasião da operação.
Outro alvo da PF, prestes a ser indiciado, é o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por supostos crimes cometidos durante sua gestão à frente da agência, no governo passado. O inquérito da chamada ‘Abin paralela’ apura se Ramagem teria usado recursos governamentais para monitorar ilegalmente autoridades, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), parlamentares e jornalistas.
De acordo com as investigações, o esquema de espionagem teria utilizado o software israelense First Mile, adquirido para operações sensíveis de inteligência, mas supostamente desviado para monitoramento político. Além disso, a PF aprofunda as investigações para avaliar o possível envolvimento de Ramagem em um segundo inquérito, sobre o golpe fracassado, que examina supostas articulações entre políticos e militares, bem como atos de vandalismo e depredação registrados em 8 de janeiro daquele ano.
Dedução
Todo o trabalho de investigação da PF, no entanto, “vai acabar não dando em nada”, segundo o o general de Exército reformado Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). Praticamente confinado em seu apartamento em Brasília, a não ser pelas saídas para ir aos advogados, ao supermercado e à casa onde mora a filha, no Lago Sul, o general Heleno tem repetindo a frase nas conversas com pessoas próximas, referindo-se ao inquérito que apura o golpe fracassado em 8 de janeiro do ano passado.
Desde a demissão do GSI, no fim do governo Bolsonaro, Heleno tem se mantido praticamente recluso. O general também tem dito a terceiros que, quanto mais quieto ficar, maiores serão suas chances de escapar ileso das investigações. Antes sempre loquaz, animado e com alguma informação para repassar, Heleno tornou-se ensimesmado, quase mudo.
Não fala mais com jornalistas e mudou o número do telefone.