Rio de Janeiro, 22 de Maio de 2025

Advogada denuncia bolsonaristas em 'eutanásia' de idosos

A advogada Bruna Morato afirmou ter ficado “aterrorizada” com o que tinha sido compartilhado pelos médicos. Ela detalhou que os plantonistas eram obrigados a prescrever um kit fechado, sem a possibilidade de ter autonomia para retirar medicamentos do pacote.

Terça, 28 de Setembro de 2021 às 12:11, por: CdB

A advogada Bruna Morato afirmou ter ficado “aterrorizada” com o que tinha sido compartilhado pelos médicos. Ela detalhou que os plantonistas eram obrigados a prescrever um kit fechado, sem a possibilidade de ter autonomia para retirar medicamentos do pacote.

Por Redação - de Brasília
A CPI da Pandemia ouvia, nesta terça-feira,a advogada Bruna Morato, representante dos médicos que elaboraram um dossiê contra a Prevent Senior. A rede hospitalar foi acusada de promover a “eutanásia” não consentida de idosos, segundo denúncia do senador Otto Alencar (PSD-BA).
bruna-morato.jpg
A advogada Bruna Morato fala à CPI presidida pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) e o relator, senador Renan Calheiros (MDB-AL)
Bruna Morato afirmou ter ficado “aterrorizada” com o que tinha sido compartilhado pelos médicos. Ela detalhou que os plantonistas eram obrigados a prescrever um kit fechado, sem a possibilidade de ter autonomia para retirar medicamentos do pacote. As denúncias contidas no dossiê, elaborado pelos médicos, dizem sobre a prescrição indiscriminada de cloroquina, azitromicina e ivermectina – o chamado “kit covid” – para pacientes associados, até mesmo para quem não tinha sintomas da doença. Há também a elaboração de um estudo que supostamente demonstra a eficácia dos medicamentos. A advogada se ofereceu para comparecer na CPI após, segundo ela, a Prevent Senior ter promovido demissões de médicos que teriam colaborado no dossiê entregue à comissão.

Bagunça

Em seu depoimento, a advogada relatou que, após a divulgação das primeiras informações sobre as denúncias feitas contra a Prevent Senior, o prédio do seu escritório comercial foi invadido. Ela ressaltou, porém, que não poderia indicar relação direta com a empresa. — (A quadrilha) foi equipada. Eles duplicaram os IPs do computadores e das câmeras de segurança do prédio pra procurar algo, e cortaram o cano de um banheiro provocando um vazamento que inundou tudo, o que liberou pessoas no prédio pra fazer reparos. Eles entraram em várias salas e não levaram nada, fizeram uma bagunça. Levaram um Ipad e um computador, acho que a procura de provas que eu tinha, mas nenhuma das provas estava no meu escritório — lembrou. A advogada disse, ainda, aos senadores que, segundo o relato feito pelos médicos, houve um movimento inicial da Prevent Senior de tentar aproximar-se ao Ministério da Saúde e, posteriormente, a um grupo de médicos que estaria aconselhando o governo federal no começo da pandemia – nomeado de “gabinete paralelo” ao longo das investigações da CPI. O movimento teria começado em março e ocorreu após críticas do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, às ocorrências de Covid-19 em hospitais da operadora. Os médicos relataram a Bruna Morato que Pedro Batista “tentou se aproximar do Ministério da Saúde através de um médico familiar a Mandetta”, mas que não obteve sucesso. Depois, ele teria sido “informado que existia um conjunto de médicos assessorando o governo federal”. Entre esses médicos, estavam o dr. Anthony Wong, a dra. Nise Yamaguchi e o dr. Paolo Zanotto.

Ameaçados

Ainda de acordo com o relato dos profissionais, a intenção era que a Prevent Senior passasse a colaborar com o grupo em um “alinhamento ideológico com o Ministério da Economia”, que temia a ocorrência de confinamentos que paralisassem o país. Bruna Moreto confirmou que entrou em contato com a Prevent Senior, a pedido dos clientes, para tentar um acordo com a empresa. Porém, o acordo não seria de natureza financeira, como deu a entender o diretor-executivo da operadora Pedro Benedito Batista Júnior em seu depoimento à CPI. — Esses médicos estavam sendo ameaçados e hostilizados. Em julho, pediram que eu me aproximasse do jurídico da empresa pedindo três atitudes: a primeira era que a empresa assumisse publicamente que o estudo não foi conclusivo, não existiu a eficácia do tratamento que eles chamaram de preventivo, depois transformado em tratamento precoce — resumiu. Em nota distribuída à imprensa, a Prevent Senior nega as acusações e diz que “respeita e vai colaborar” com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP).
Edições digital e impressa