Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Rússia e aliados enviam tropas para o Cazaquistão

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Quinta, 06 de Janeiro de 2022 às 09:56, por: CdB

Vista por muito tempo como uma das mais estáveis ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, o Cazaquistão é palco de sua maior crise em décadas, após dias de protestos contra o aumento dos preços dos combustíveis que se transformaram em agitação generalizada.

Por Redação, com DW - de Moscou

Uma aliança militar liderada por Moscou enviou tropas nesta quinta-feira para ajudar a conter a crescente agitação no Cazaquistão, após a polícia do país dizer que dezenas de pessoas morreram tentando invadir prédios do governo.
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Aliança militar liderada por Moscou destaca soldados para tentar conter revolta popular gerada por aumento do preço dos combustíveis
Vista por muito tempo como uma das mais estáveis ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, o Cazaquistão é palco de sua maior crise em décadas, após dias de protestos contra o aumento dos preços dos combustíveis que se transformaram em agitação generalizada. Sob pressão crescente, o presidente Kassym-Jomart Tokayev apelou durante a noite para a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), aliança liderada pela Rússia e que inclui cinco outras ex-repúblicas soviéticas, para combater o que chamou de "grupos terroristas" que "receberam treinamento extensivo no exterior" . Em poucas horas, a aliança disse que as primeiras tropas haviam sido enviadas, incluindo paraquedistas russos e unidades militares de outros membros da OTSC. Não foi informado o número de soldados envolvidos. O atual presidente da aliança, o primeiro-ministro armênio Nikol Pashinyan, anunciou anteriormente que concordaria com o pedido, dizendo que o Cazaquistão estava enfrentando "interferência externa".

"Dezenas de agressores eliminados"

No pior episódio de violência relatado até agora, a polícia disse que dezenas de pessoas foram mortas em confrontos entre manifestantes e forças de segurança em prédios do governo na maior cidade do país, Almaty. – Na última madrugada, forças extremistas tentaram assaltar prédios administrativos, o departamento de polícia da cidade de Almaty, assim como comissariados da polícia local. Dezenas de agressores foram eliminados – disse o porta-voz da polícia Saltanat Azirbek, citado pelas agências de notícias Interfax-Cazaquistão, Tass e Ria Novosti. A TV estatal afirmou que 13 membros das forças de segurança foram mortos e que os corpos de dois deles foram encontrados decapitados. Tokayev disse em um discurso televisionado nesta quinta-feira que "terroristas" estavam invadindo edifícios, prédios de infraestrutura e combatendo as forças de segurança. Vídeos nas redes sociais nesta quinta-feira mostraram lojas saqueadas e prédios queimados em Almaty, tiros de armas automáticas nas ruas e moradores gritando de medo.

Mais de mil feridos

As autoridades disseram que mais de mil pessoas ficaram feridas até o momento nos distúrbios, com quase 400 hospitalizadas e 62 em tratamento intensivo. Protestos se espalharam pelo país de 19 milhões de habitantes nesta semana, em meio à crescente indignação com o aumento na virada do ano nos preços do gás liquefeito de petróleo (GLP), que é amplamente usado para abastecer carros no oeste do país. Milhares foram às ruas em Almaty e na província ocidental de Mangystau, reclamando que o aumento do preço é injusto, dadas as vastas reservas do Cazaquistão, exportador de petróleo e gás. Manifestantes teriam invadido vários prédios do governo na quarta-feira, incluindo o gabinete do prefeito de Almaty e a residência presidencial.

Comunicações cortadas

O quadro completo do caos é difícil de ser confirmado de forma independente, devido principalmente a interrupções generalizadas nas redes de comunicações, incluindo de telefones celulares e de internet, por horas. Os protestos são a maior ameaça até agora ao regime estabelecido pelo presidente fundador do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, que deixou o cargo em 2019e escolheu Tokayev como seu sucessor. Tokayev tentou evitar mais agitação anunciando a renúncia do governo chefiado pelo primeiro-ministro Askar Mamin na manhã de quarta-feira, mas os protestos continuaram. Tokayev também anunciou que estava substituindo seu antecessor, Nazarbayev, como chefe do poderoso conselho de segurança, uma medida que surpreendeu, dada a grande influência que ainda possui o ex-presidente e sua família. Com a escalada dos protestos, o governo disse na noite de quarta-feira que o estado de emergência declarado nas áreas afetadas seria estendido para todo o país e ficaria em vigor até 19 de janeiro. A medida inclui toque de recolher durante a noite, restringe os movimentos e proíbe as reuniões em massa. Grande parte da revolta parece se dirigir a Nazarbayev, que tem 81 anos e governou o Cazaquistão a partir de 1989 antes de entregar o poder a Tokayev. A UE e a ONU pediram "contenção" de todos os lados, enquanto Washington pediu às autoridades que permitissem que os manifestantes "se expressassem pacificamente". O governo do Cazaquistão tolera pouca oposição real e repetidamente foi acusado de silenciar vozes independentes.
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