Relatório aponta envolvimento de Cid na fracassada tentativa de golpe

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Publicado sexta-feira, 23 de junho de 2023 as 14:53, por: CdB

No relatório encaminhado ao ministro, de acordo com a apuração da revista semanal de ultradireita Veja, “os elementos de prova” confirmam a hipótese criminal sobre a participação de Cid e a mulher dele na tentativa de golpe, seja “por meio de induzimento e instigação de parcela da população”, seja por meio de “atos preparatórios propriamente ditos”.

Por Redação – de Brasília

Um informe secreto encaminhado ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que vazou para a mídia conservadora nesta sexta-feira, revela que a Polícia Federal (PF) considera o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel do Exército Mauro Cid, e sua mulher, Gabriela Cid, participantes ativos no golpe de Estado fracassado em 8 de Janeiro, quando terroristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Cid, Bolsonaro
O tenente-coronel Mauro Cid cumpria as ordens do então mandatário neofascista Jair Bolsonaro

No relatório encaminhado ao ministro, de acordo com a apuração da revista semanal de ultradireita Veja, “os elementos de prova” confirmam a hipótese criminal sobre a participação de Cid e a mulher dele na tentativa de golpe, seja “por meio de induzimento e instigação de parcela da população”, seja por meio de “atos preparatórios propriamente ditos”.

“A atuação dos investigados, possivelmente, foi um dos elementos que contribuiu para os atos criminosos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023, materializando os objetivos ilícitos da organização criminosa investigada”, acrescenta a PF, no documento. A corporação ainda informa que localizou com Cid “grande quantidade de dados”, extraídos de diferentes meios eletrônicos. O material será periciado.

Parceiro

Na trilha do que ocorreu no início deste ano, a CPMI do 8/1 ouvirá na próxima terça-feira, a partir das 9h, o coronel do Exército Jean Lawand Júnior. Ele aparece em troca de mensagens telefônicas com seu parceiro, o ex-ajudante de ordens da Presidência da República, coronel Mauro Cesar Cid, afoito por uma intervenção militar após as eleições.

Em mensagens tornadas públicas pela Justiça, Lawand e Cid conversam sobre a possibilidade de o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) decretar uma ação militar contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Lawand pede que Cid convença Bolsonaro a “dar a ordem”. Na época, Lawand era subchefe do Estado-Maior do Exército. Cid está preso.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), entende que as conversas se relacionam com fatos preparatórios para os eventos do dia 8 de janeiro e merecem atenção especial da investigação. Ela é autora de um dos quatro requerimentos que embasam a convocação. Jean Lawand Jr. falará à CPMI na condição de testemunha. Ele foi convocado para prestar depoimento, o que significa que não pode deixar de comparecer.

Bomba

A situação jurídica de Mauro Cid, preso atualmente em uma unidade militar de Brasília, poderá se agravar ainda mais caso as investigações provem que ele sabia do atentado planejado para a véspera do Natal, no ano passado. A CPMI do dia 8/1 tentou, durante todo o dia anterior, ouvir o bolsonarista George Washington de Oliveira Sousa. Ele evocou direito de ficar em silêncio sobre fatos relevantes.

Antes do extremista, a comissão ouviu o delegado Leonardo de Castro, da Polícia Civil do Distrito Federal. Ele deu detalhes sobre as investigações. Castro revelou que “os policiais foram a campo e chegaram a motoristas de ônibus e de um caminhão onde estava uma bomba. Receberam, então, informações de que um indivíduo havia comentado sobre bombas na Ala Sudoeste. 

— Através das câmeras, identificaram o indivíduo. Eles aguardaram que ele saísse de seu apartamento e o abordaram. Ele, então, confessou que tinha armas e explosivos e que tinha colocado uma bomba próximo às dependências do Aeroporto — afirmou Castro.

Comunismo

Mais de 1,3 milhão de pessoas passaram pelo Aeroporto de Brasília naquele mês. O local onde o bolsonarista pretendia explodir a bomba abrigava até 3 milhões de litros de combustível. De acordo com as investigações da Polícia Civil, George Washington estava disposto a tudo “na luta contra o comunismo”, nas palavras do bolsonarista radical.

— O veículo que recebeu o artefato era um caminhão que teria acesso à área do Aeroporto para levar combustível — detalhou a relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA).

George Washington optou pelo silêncio em relação a qualquer informação relevante. Ele pouco disse, apenas assumiu ser um empresário. Sobre sua participação em outras sociedades, incluindo uma empresa do ramo de transporte de óleo e gás, ele não respondeu. Durante todo o tempo, manteve uma atitude de soberba, sem demonstrar qualquer preocupação com seu destino, embora cumpra prisão preventiva em um presídio brasiliense.

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