O advogado contratado, José de Oliveira Lima, no entanto, disse à mídia conservadora que Braga Netto não pretende recorrer à delação premiada e visa reinterpretar pontos decisivos, para tentar reverter a prisão de seu cliente.
Por Redação – de Brasília
General de quatro estrelas hoje na reserva do Exército, Walter Braga Netto, preso no sábado pela Polícia Federal (PF) sob a acusação de envolvimento em uma trama golpista para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, não apenas mudou de advogado, mas também delineou uma nova estratégia de defesa. O militar responde a inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa.
O advogado contratado, José de Oliveira Lima, no entanto, disse à mídia conservadora que Braga Netto não pretende recorrer à delação premiada e visa reinterpretar pontos decisivos, para tentar reverter a prisão de seu cliente. O militar acredita que poderá anular sua detenção se apresentar uma versão própria sobre os episódios mais complicados. O primeiro deles envolve uma reunião em seu apartamento em Brasília, em novembro de 2022, com um grupo de oficiais das Forças Especiais do Exército, conhecidos como “kids pretos”.
A PF afirma que o encontro tinha como objetivo discutir um plano de golpe de Estado, mas, segundo Braga Netto, o encontro foi apenas uma reunião para tirar uma foto com o coronel Raphael Oliveira. Este oficial, por sua vez, esteve envolvido na operação Copa 2022, que visava intimidar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e até sequestrar o magistrado; além de assassinar o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o vice, Geraldo Alckmin.
Trama golpista
Quanto à foto com Braga Netto, a versão foi confirmada pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, em sua delação premiada. O general, porém, refuta a credibilidade de Cid ao negar que ele teria financiado os golpistas, entregando dinheiro dentro de uma caixa de vinho.
A estratégia de defesa de Braga Netto também sinaliza uma mudança em relação à sua primeira manifestação pública sobre o caso. Após ser indiciado junto com Bolsonaro e outras 35 pessoas por envolvimento na trama golpista, o general não negou diretamente sua participação nos planos, mas focou em reafirmar sua lealdade a Bolsonaro.
Segundo Wallyson Soares, advogado e vice-presidente da comissão eleitoral da OAB-PI, se a participação de Bolsonaro no golpe fracassado no 8 de Janeiro for comprovada, ele pode enfrentar penas de até 20 anos de prisão e a perda dos direitos políticos, junto com seus principais assessores, entre eles Braga Netto. A situação é ainda mais séria, pois a Constituição e as leis brasileiras garantem ações firmes contra ameaças à democracia.
— Bolsonaro pode ser responsabilizado por conspiração criminosa e tentativa de homicídio caso se comprove sua participação no planejamento. Além disso, o indiciamento aponta para crimes de incitação e atos contra o Estado Democrático de Direito — conclui Soares.