Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

Os togas amarelas pipocaram de novo

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Quarta, 27 de Abril de 2022 às 05:09, por: CdB

Logo depois da condenação do truculento deputado federal Daniel Silveira pelo STF e da reação inconstiticional do presidente Bolsonaro, o clima político esquentou. Qual seria a sequência? Num comentário publicado na Folha de S. Paulo, a colega jornalista Mônica Bergamo falou num desejo de alguns ministros do STF de evitar uma agravação da crise pelo diálogo, como se os urros do presidente os tivessem assustado. É dentro desse clima que publicamos o oportuno texto do combativo colega Celso Lungaretti. (RM)

por Celso Lungaretti
Não é hora do STF evitar o confronto
Não é hora do STF evitar o confronto?
Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu!
...e é assim que eu me sinto depois de o Supremo Tribunal Federal contemporizar vergonhosamente com o palhaço sinistro e seu ogro de estimação.
O que começou no carnaval e só fazia sentido no carnaval, infelizmente persiste depois da folia. E se agrava cada vez mais.
A graça para quem fez graça com a democracia, a Constituição e a sanidade mental, diz o único que achou engraçado tão medonho personagem, será cumprida. É uma declaração de que no Brasil o poder Judiciário não apita mais nada, tudo agora sendo decidido por um megalomaníaco a gritar, babando de ódio, "o Estado sou eu!".
É óbvio que o genocida não ganhou nada, pois sua graça está mais para gracejo: faz rir.
A desculpa esfarrapada dos supremamente pusilânimes é que poderão virar o jogo adiante, quando o destino do Daniel Silveira estiver realmente sendo decidido.
Isto porque o celerado só poderia ter concedido a graça após a conclusão do processo, portanto ela caiu num vazio jurídico: o maluco perdoou os crimes gritantes e aberrantes de um criminoso que, aos olhos da lei, continua inocente, pois sua condenação ainda não é definitiva e pode ser revertida. A graça só caberia no final da linha.
Mas, para os descerebrados seguidores do tosco ignaro, foi uma vitória. E o recuo do STF, a comprovação de que o dito cujo fraqueja nos momentos decisivos.
Então, outros blefes virão, cada vez mais inaceitáveis. E, de tanto recuarem, os togas amarelas acabarão caindo no abismo que se abre às suas costas.
Quanto ao Lula, como sempre fingiu que a encrenca não era com ele, comprovando mais uma vez, se necessário fosse, que nem de longe é o candidato de que a esquerda necessita desesperadamente neste instante.
Se dependermos do grande ausente de todas as manifestações #ForaBolsonaro, podemos já ir nos preparando:
— ou o abominável conseguirá comprar os votos necessários para se reeleger com os pacotes de bondades que irão se sucedendo, agora que o Paulo Guedes se rendeu de vez à gastança eleitoreira (o que permitirá ao Bozo, parafraseando o Orestes Quércia, afirmar adiante: "quebrei o Brasil, mas me reelegi");
— ou virará a mesa depois de perder a eleição, obtendo êxito onde o Trump fracassou, pois aqui as hordas de bárbaros poderão invadir o TSE à vontade, sem que ninguém, absolutamente ninguém, reaja.
Está tudo perdido? Não. Uma explosão social ainda é possível, mas o diabo é que, num país de verdade (e não cá na República Miliciana do Centrão), ela já teria acontecido quando a sabotagem explícita do bestial killer contra a vacinação condenava à morte centenas de milhares de brasileiros que poderiam ter sobrevivido à covid.
Outra possibilidade é a esquerda se lembrar de que existe para lutar pela justiça social e pela liberdade,  não para ganhar eleições com plataformas reformistas e administrar o estado burguês enquanto a burguesia permite. Mas, esta segunda hipótese me parece mais remota ainda... (Publicado originalmente com a iconografia usada no blog Náufrago da Utopia)
Por Celso Lungaretti, jornalista, escritor, militante contra a Ditadura militar, editor do blog Náufrago da Utopia
Direto da Redação é um fórum de debates publicado no jornal Correio do Brasil pelo jornalista Rui Martins.
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