Rio de Janeiro, 30 de Outubro de 2024

Grandes bancos já projetam suspensão no corte das taxas de juros

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Quinta, 13 de Junho de 2024 às 20:03, por: CdB

No caso do banco Itaú e da XP Investimentos, eles preveem que não haverá cortes nem em 2025. A projeção do Itaú Unibanco foi alterada na última segunda-feira. Antes, o banco esperava mais um corte na Selic, chegando a 10,25% em dezembro.

Por Redação – de São Paulo

Um novo corte na Selic ainda este ano parece cada vez mais improvável, na avaliação de analistas ouvidos por fontes diversas. A frustração do ministro da Fazenda, o economista Fernando Haddad, com as últimas decisões do Congresso no campo econômico elevou o risco fiscal e, diante dos fatos, instituições financeiras das mais diversas esperam que a taxa básica de juros seja mantida nos atuais 10,50%, nas próximas reuniões até o fim do ano.

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A Selic, atualmente no patamar de 10,50% ao ano, tende a ser reduzida com mais cautela

No caso do banco Itaú e da XP Investimentos, eles preveem que não haverá cortes nem em 2025. A projeção do Itaú Unibanco foi alterada na última segunda-feira. Antes, o banco esperava mais um corte na Selic, chegando a 10,25% em dezembro.

“Em meio às expectativas de inflação crescentes (já parcialmente desancoradas), atividade econômica resiliente e maiores incertezas doméstica e externa, entendemos que não há mais espaço para cortes adicionais de juros”, escreveu Mario Mesquita, economista-chefe do banco, em relatório aos clientes.

 

Commodities

Na véspera, o Santander também mudou sua projeção para a Selic ao fim deste ano de 9,75% para 10%, ao destacar que a inflação, a expansão fiscal e os preços das commodities pioraram desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), em maio.

— O caminho mais prudente (para o BC) é interromper o ciclo de corte (na Selic) até que os riscos e a inflação projetada melhorem — disse a jornalistas Alberto Ramos, diretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs.

A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano aumenta desde abril, afastando-se cada vez mais da meta estipulada de 3%. De acordo com o último ‘Boletim Focus’, do BC, o mercado espera, em média, uma alta de 3,90% no índice deste ano.

 

Longo período

Diante um mercado de trabalho aquecido e as enchentes no Rio Grande do Sul, o IPCA acelerou de 0,38% em abril para 0,46% em maio, acima das projeções.

— É uma leitura que reforça nosso cenário de que o BC deve interromper o ciclo de corte de juros já na próxima reunião (de junho) — observou Alexandre Maluf, economista da XP.

Outro fator que deve elevar os preços ainda mais é a alta do dólar, que saltou da faixa dos R$ 5,10 para os R$ 5,40 no último mês.

— Caso o câmbio se mantenha nos atuais patamares por um longo período de tempo, diminui a possibilidade de afrouxamento monetário pelo BC no futuro, podendo até subir (a Selic) a depender da magnitude dos efeitos — pontuou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Reserach.

 

Nova meta

Quanto aos juros futuros — contratos que levam em conta a expectativa quanto à Selic futura —, estes passaram a apontar para um cenário de alta para o ano que vem. No início desta tarde, o contrato para julho de 2025 encerrou as cotações a 11,07%, com uma alta de 0,5 ponto percentual na taxa por 12 meses.

A desvalorização do real e a alta nos juros futuros, disse Ramos, são reflexo do aumento da preocupação de investidores com a saúde fiscal do Brasil.

— O ambiente, que vem azedando gradualmente, piorou com mais intensidade nos últimos dois meses, com a mudança substancial nas metas fiscais — resumiu.

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