Para Leonardo Porto, economista-chefe do Citi para o Brasil, os juros não devem recuar para o patamar abaixo de 10% ao ano novamente tão cedo.
Por Redação, com Bloomberg – de São Paulo
Fatores como o aquecimento do mercado de trabalho, o aumento dos salários e o cenário externo; além do risco fiscal, devem manter a política monetária mais restritiva até o segundo semestre do próximo ano. Essa foi uma das visões consensuais de economistas que lideram a cobertura para o Brasil em bancos de Wall Street em painel sobre as perspectivas para a economia do país em 2025, durante o Bloomberg Línea Summit, realizado na capital paulista.
Para Leonardo Porto, economista-chefe do Citi para o Brasil, os juros não devem recuar para o patamar abaixo de 10% ao ano novamente tão cedo.
— A Selic de dois dígitos vai ser muito mais norma do que exceção. E a explicação disso é que no Brasil só foi possível colocá-la a um dígito (em situações como) depois da recessão de 2008. O risco fiscal hoje é muito mais alto do que era na época — afirmou.
Médio prazo
Para Cassiana Fernandez, Head de Pesquisa Econômica para a América Latina do J.P. Morgan (JPM), e David Beker, head de economia do Bank of America (BAC) no Brasil, o cenário de taxa Selic na casa de um dígito é factível apenas no médio prazo, a partir do segundo semestre de 2025.
— A taxa de juros deve atingir o pico de 12% [ao ano] no início de 2025, mas deve ser reduzida no segundo semestre do ano. E podemos voltar para os juros de um dígito — afirmou Beker.
Fernandez, por sua vez, disse que um nível mais baixo do juro pode ser atingido caso o risco fiscal seja reduzido.
— Não vejo a impossibilidade de chegarmos a uma taxa de juros perto de 8,5% — previu.
Consenso
Para o fim de 2025, os economistas dos três bancos presentes no debate disseram prever uma Selic por volta de 10% ao ano – menor do que o patamar projetado de 11,75% ao fim de 2024 pelo consenso de mercado, segundo o ‘Boletim Focus’, do Banco Central (BC).
— A primeira coisa é entender que o Banco Central, felizmente, está entregando aquilo que faz parte do mandato dele. A inflação roda acima da meta por fatores domésticos e externos. Portanto, esse ciclo de alta da taxa de juros deve continuar, e isso é resultado da importância dada pelo BC para colocar a economia no ritmo de crescimento mais condizente com a oferta — acrescentou Porto.
Segundo o economista, o cenário do Citi hoje é de 11,50% ao ano ao fim do ciclo de aumento de juros.
— Mas o risco é que a alta seja muito maior que isso, e nossa estimativa está sendo constantemente revisada — concluiu.