A notícia, recebida com ceticismo durante visita à Argentina, coloca o ministro da Economia, Paulo Guedes, em uma nova ‘saia justa’. Segundo Bolsonaro, ele deu “o primeiro passo para um sonho de uma moeda única na região do Mercosul, o peso real”.
Por Redação, com agências internacionais - de Buenos Aires
O Banco Central informou em nota, na manhã desta sexta-feira, que não há qualquer projeto nem ao menos estudos em andamento para uma união monetária entre Brasil e Argentina. Ainda assim, o presidente Jair Bolsonaro tem afirmado que foram iniciadas negociações nesse sentido entre os governos de ambos os países.
A notícia, recebida com ceticismo durante visita à Argentina, coloca o ministro da Economia, Paulo Guedes, em uma nova ‘saia justa’. Segundo Bolsonaro, ele deu “o primeiro passo para um sonho de uma moeda única na região do Mercosul, o peso real”. Às pressas, um porta-voz do Ministério das Finanças da Argentina confirmou negociações nesse sentido.
— Estamos trabalhando nisso no médio a longo prazo — desconversou o porta-voz argentino à agência inglesa de notícias Reuters.
Sem prazo
A proposta, que existe apenas no ideário do presidente brasileiro, poderia incluir Uruguai e Paraguai, outros parceiros do Mercosul, de acordo com a mídia. Algumas horas depois, o BC divulgou nota afirmando que não há projetos nesse sentido.
“Há tão somente, como é natural na relação entre parceiros, diálogos sobre estabilidade macroeconômica, bem como debates acerca de redução de riscos e vulnerabilidades e fortalecimento institucional”, disse a nota.
Ao saber da negativa do BC, Bolsonaro ainda tentou manter a ideia da moeda única. Mas frisou, desta vez, que não existe uma prazo para a implementação do projeto. E que prevê no futuro a criação de uma união monetária para toda América do Sul.
Proposta
Nesta sexta, o presidente chegou a dizer que a moeda única poderia servir como uma trava a ameaça de avanço de pensamentos e “aventuras socialistas” na região.
— Uma nova moeda é como um casamento... mas a gente mais ganha do que perde. Temos muito mais, como num casamento, a ganhar do que perder. Acho que com a moeda única nós estamos dando uma trava nas aventuras socialistas que acontecem em alguns países na América do Sul — disse ele a jornalistas, após participar de uma cerimônia de formação de sargentos da Marinha, na zona norte do Rio de Janeiro.
Segundo Bolsonaro, “essa proposta existe desde 2011 e o Paulo Guedes mostrou interesse assim como o governo da Argentina em voltar a estudar a questão”. Guedes preferiu não falar sobre o assunto, de imediato.
No Twitter, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou a ideia da possível nova moeda: “Será? Vai desvalorizar o real? O dólar valendo R$6,00? Inflação voltando? Espero que não.” Bolsonaro evitou polemizar e preferiu minimizar as críticas.
— Rodrigo Maia ou qualquer um que tenha criticado é um direito — concluiu.