Hoffmann lembrou, ainda, que "as condições políticas institucionais que vão viabilizar esse afastamento”. Para ela, o presidente do Brasil "não cumpre o papel de coordenador de todos Estados federativos no enfrentamento à crise" e, "ao invés de juntar nação para fazer esse enfrentamento, ele aposta na divisão".
Por Redação - de São Paulo
Presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), a deputada Gleisi Hoffmann (PR) afirmou, nesta segunda-feira, que há "crimes de sobra”, suficientes para fundamentar o impedimento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ainda segundo Hoffmann,"com Bolsonaro não dá para seguirmos".
Em entrevista à agência russa de notícias Sputnik, a presidente do PT declarou, ainda, ser favorável à abertura de processo de impeachment contra o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro.
— Nós vemos ilegalidade de sobra para acionar qualquer mecanismo de retirada de Bolsonaro. Ele já cometeu inúmeros crimes: crimes de responsabilidade, crimes comuns e crimes eleitorais. Portanto, temos um rol farto de crimes que dão base para que ele deixe de ser presidente — declarou Hoffmann, classificando o presidente de “criminoso”.
Líder petista
Hoffmann lembrou, ainda, que "as condições políticas institucionais que vão viabilizar esse afastamento”. Para ela, o presidente do Brasil "não cumpre o papel de coordenador de todos Estados federativos no enfrentamento à crise" e, "ao invés de juntar nação para fazer esse enfrentamento, ele aposta na divisão".
— (Bolsonaro) aposta no caos para talvez poder lá na frente propor um fechamento do regime e uma concentração de poder nas mãos dele. Isso é muito preocupante — declarou.
A líder petista segue na linha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em entrevista à agência espanhola de notícias EFE acusou Bolsonaro de cometer crimes de responsabilidade ao participar de atos e manifestações contra a democracia brasileira. Ele disse que o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), deveria aceitar os pedidos de impeachment contra Bolsonaro. “Deveria aceitar, porque o Bolsonaro já cometeu muitos crimes de responsabilidade”, acusa.
Vírus
Lula se disse preocupado com a crescente onda conservadora no país, que se aproveitou da ascensão de Bolsonaro para retomar um discurso anti-popular e com viés fascista, defendendo a volta da ditadura militar.
— Quando se nega a política, o que surge depois é bem pior do que a política. Foi assim que nasceu Hitler, foi assim que nasceu Mussolini, é assim que nascem os ditadores, com a negação da política, porque não existe saída melhor para o mundo do que a democracia — lembrou.
Lula comparou o bolsonarismo a um vírus.
— Tem uma turma aqui no Brasil que é anticomunista, que é antiesquerda, que é antimovimento sem-terra, que é antissindicato. Você tem uma turma assim, e isso é histórico. O que aconteceu com o Bolsonaro é que ela ganhou vida. É como se fosse um vírus que apareceu. Ele tava quieto, não se manifestava, e se manifestou — disse.
Economia
Alertando que a depressão econômica poderá significar a volta da fome no país, Gleisi Hoffmann acredita que a pandemia pode gerar levantes populares no Brasil.
— Nós vamos entrar em uma depressão com as mortes que teremos, e é bem possível que a resposta popular venha nesse sentido. A economia brasileira e a renda no Brasil estão sofrendo muito. O próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que o Brasil vai ter o PIB negativo em mais de cinco pontos percentuais. Isso é uma tragédia — ressaltou.
Para ela, as medidas de proteção social adotadas pelo governo Bolsonaro são insuficientes.
— As medidas que o governo está tomando agora para resguardar emprego, renda e o serviço de atividades das empresas são medidas muito tímidas — lamentou.