Presidente da Alerj foi preso pela PF sob suspeita de vazar informações a TH Jóias; partido diz que “faltam elementos” e que conversas eram “rotineiras”.
Por Redação, com Agenda do Poder – do Rio de Janeiro
A cúpula nacional do União Brasil não pretende expulsar, neste momento, o presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, Rodrigo Bacellar, preso na quarta-feira pela Polícia Federal, informa o diário conservador carioca O Globo. O parlamentar é suspeito de repassar informações sigilosas ao deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Jóias, investigado por associação ao Comando Vermelho no âmbito da Operação Zargun.

Integrantes da Executiva Nacional afirmam que “faltam elementos” na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que determinou a prisão preventiva do parlamentar. Embora reconheçam a gravidade dos indícios apresentados, alegam não ter tido acesso ao conteúdo completo do inquérito para avaliar a situação de forma definitiva.
Partido minimiza trocas de mensagens
A justificativa oficial para o contato frequente entre Bacellar e TH Jóias é a de que se tratavam de “conversas rotineiras entre um presidente de assembleia legislativa e um parlamentar”. Para a PF, no entanto, mensagens recuperadas na investigação mostram que Bacellar pode ter alertado o colega de Casa sobre avanços da Operação Zargun, interferindo na apuração dos vínculos de TH com o crime organizado.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em quatro endereços ligados a Bacellar — em Botafogo, Campos dos Goytacazes, Teresópolis e no gabinete da Alerj. Já TH Jóias foi levado à sede da PF, onde ficou por cerca de uma hora e vinte minutos, mas optou pelo silêncio ao ser questionado pelos investigadores.
Correligionários de Bacellar acreditam que a Assembleia Legislativa deve revogar a prisão nos próximos dias. Eles ressaltam que o deputado foi eleito “com amplo leque de apoios partidários” e mantém influência no plenário.
Cálculo político e desgaste eleitoral
Apesar da defesa interna, há um consenso entre lideranças do União Brasil de que a prisão inviabilizou, de forma definitiva, o projeto de Bacellar para disputar o governo do Rio em 2026 como candidato de centro-esquerda. Aliados afirmam que o desgaste de imagem tornou impossível obter apoio de legendas moderadas — e até mesmo do bolsonarismo.
A deliberação sobre a manutenção da prisão ainda passará pelo crivo da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Alerj. O parecer do presidente da comissão, deputado Rodrigo Amorim, será submetido à votação dos 70 parlamentares. Para revogar a prisão, são necessários ao menos 36 votos.
Investigação no STF e fundamentação da prisão
O ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão por entender que Bacellar estaria atuando para evitar o avanço de investigações sobre o crime organizado no estado. Ele é relator de um inquérito que apura a infiltração de facções em estruturas públicas do Rio, aberto após o julgamento da ADPF das Favelas.
Na decisão, Moraes afirmou: “Os fatos narrados pela Polícia Federal são gravíssimos, indicando que Rodrigo da Silva Bacellar estaria atuando ativamente pela obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado, inclusive com influência no Poder Executivo estadual, capazes de potencializar o risco de continuidade delitiva e de interferência indevida nas investigações da organização criminosa”.
A votação da Alerj deverá ser encaminhada ao plenário do STF, que terá a última palavra sobre a manutenção da prisão.