Segundo afirmou um graduado funcionário do MPE-RJ, em caráter sigiloso, a pressa em obter esses dados deve-se ao fato de o processo, em seguida à posse do deputado, agora senador, subir para a Procuradoria Geral da República (PGR).
Por Redação - do Rio de Janeiro
Promotores do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPE-RJ) têm urgência em pedir a quebra do sigilo bancário do ex-assessor Fabrício Queiroz. Ele e seus familiares trabalhavam para Jair (PSL) e Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), pai e filho, respectivamente; um na Presidência da República e outro no Senado.
Segundo afirmou um graduado funcionário do MPE-RJ, em caráter sigiloso, a pressa em obter esses dados deve-se ao fato de o processo, em seguida à posse do deputado, agora senador, subir para a Procuradoria Geral da República (PGR).
— Nesse caso, a investigação volta, praticamente, à estaca zero — disse a fonte à reportagem do Correio do Brasil, nesta sexta-feira.
Na véspera, Flávio Bolsonaro disse, pelas redes sociais, que não compareceria ao MPE-RJ para depor sobre as movimentações financeiras atípicas nas contas de Queiroz. À noite, no entanto, concedeu uma entrevista ao canal de TV SBT.
— Não sei o que as pessoas fazem fora do expediente. Não tenho como controlar isso. Não sabia dos negócios dele (Queiroz) — esquivou-se.
Ao jornal do SBT, Bolsonaro afirmou, no entanto, que não estava ali “fazendo a defesa do meu ex-assessor, não tenho procuração para isso”.
— Não sei o que as pessoas fazem da porta do meu gabinete para fora — reiterou, após negar que sabia dos negócios de Queiroz.
Ato político
Na entrevista ao mesmo jornal do SBT, o ex-assessor justificou a movimentação atípica em suas contas como resultado da venda de carros usados que promove. E aproveitou para isentar o ex-patrão de qualquer envolvimento nos possíveis atos ilícitos cometidos.
Diante das seguidas negativas de Flávio e Queiroz, de prestar esclarecimentos à Justiça, o MPE-RJ chegou a emitir uma nota, na semana passada, na qual adiantou que poderá pedir a quebra de sigilo bancário e fiscal do ex-assessor. Naquele mesmo dia, a mulher e as duas filhas de Queiroz não compareceram ao depoimento no Ministério Público. Alegaram que agora moram na capital paulista, onde acompanham o tratamento quimioterápico o chefe da família.
O próprio presidente Bolsonaro, na semana passada, já previa que o sigilo bancário de Queiroz seria quebrado. Ele chegou a afirmar que a ação seria um ato político. Ainda no SBT, no último domingo, Bolsonaro foi questionado sobre o caso de Fabrício Queiroz. O relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) aponta que o policial militar da reserva havia movimentado R$ 1,2 milhão ao longo de 2016.
Lava Jato
Na entrevista, Bolsonaro diz que o sigilo bancário de Queiroz já havia sido quebrado, e sem autorização judicial. Logo em seguida, foi desmentido pelas autoridades do Judiciário.
— Falando aqui claro. Quebraram o sigilo bancário dele sem autorização judicial, cometeram um erro gravíssimo — disse, sem reconhecer depois que havia mentido, em público.
O banco no qual Queiroz movimentava os recursos comunicou transações suspeitas realizadas entre os anos de 2016 e 2017 ao Coaf, de acordo com o Relatório de Inteligência Financeira da instituição. Mas se tratava de um relatório sigiloso, anexado ao inquérito da Operação Furna da Onça, um desdobramento da Lava-Jato no Rio.