Wassef é alvo da investigação por ter participado na recompra de um relógio Rolex, doado a Bolsonaro pelo governo saudita. O Rolex teria sido previamente vendido pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, a uma joalheria norte-americana. Wassef admite que foi aos EUA para resgatar a peça.
Por Redação – de Brasília
A Polícia Federal (PF) está no encalço da família Bolsonaro. Delegados federais responsáveis pelas investigações referentes ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seu filho Carlos, também conhecido como ’02’, estão prestes a encerrar dois casos rumorosos, que elevam o risco de prisão para os suspeitos. Nesta terça-feira, o grupo de investigadores que apura as denúncias contra o parlamentar carioca revelou que considera ter elementos suficientes para indiciá-lo por espionagem ilegal no caso conhecido como ‘Abin Paralela’.
Carlos é suspeito de participar de um esquema de arapongagem contra adversários políticos do então presidente Jair Bolsonaro. Em janeiro, o vereador chegou a ser alvo de mandados de busca e apreensão. Segundo os agentes federais, o caso da ‘Abin Paralela’ está diretamente conectado às investigações sobre outra estrutura informal de disseminação de notícias falsas (‘fake news’) contra adversários, no chamado ‘Gabinete do Ódio’.
O prazo pedido pela PF para finalizar o inquérito encerra-se em agosto. Em condição de anonimato, os investigadores disseram ao canal norte-americano de TV CNN que — além de considerar o caso quase encerrado — a ideia é evitar a contaminação das eleições municipais de outubro.
Inteligência
O candidato à prefeitura do Rio de Janeiro, apoiado por Bolsonaro, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) também deverá ser indiciado no processo, tornando-o inelegível uma vez condenado pela Justiça. Ramagem era diretor-geral da Abin à época e tem Carlos Bolsonaro como coordenador da campanha. A PF ainda avalia o indiciamento do ex-presidente.
A investigação da PF aponta para um esquema de espionagem ilegal dentro da Agência Brasileira de Inteligência durante o governo Bolsonaro. O objetivo seria monitorar adversários.
Joias furtadas
As investigações da PF também evoluem sobre a venda ilegal de presentes dados ao Estado brasileiro em viagens oficiais de Bolsonaro. A mais recente etapa do inquérito envolve a análise minuciosa do conteúdo dos celulares do advogado Frederick Wassef, que representa o mandatário neofascista. A PF, segundo adiantou a CNN, encontrou informações relevantes no celular de Wassef sobre as joias furtadas do Erário.
A análise, disseram os agentes, é determinante para esclarecer as transações e atividades relacionadas à venda de presentes dados ao Estado brasileiro. Os peritos da PF vasculham fotos, vídeos, mensagens de texto e áudio presentes nos aparelhos de Wassef. A detida análise desse material, segundo fontes da investigação, é uma das razões para o prolongamento da conclusão do relatório final.
Wassef é alvo da investigação por ter participado na recompra de um relógio Rolex, doado a Bolsonaro pelo governo saudita. O Rolex teria sido previamente vendido pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, a uma joalheria norte-americana. Wassef admite que foi aos EUA para resgatar a peça desviada.
Miami
Na semana passada, a PF realizou novas diligências e colheu um novo depoimento de Mauro Cid para esclarecer a suposta negociação de outra joia, identificada através de uma cooperação com o FBI, dos Estados Unidos. Durante investigações em Miami, Wilson Grove e Nova York, a PF, em conjunto com o FBI, teve acesso a comerciantes locais, câmeras de segurança e documentos financeiros que podem corroborar as alegações sobre a venda de uma nova joia.
— Foi nessa diligência do exterior, com a equipe do FBI, que se teve notícia dessa nova joia negociada e que não estava no foco da investigação. Houve um encontro de um novo bem vendido no exterior e isso talvez tenha sido um dos fatores para atrasar a conclusão do inquérito. Esse encontro robustece a investigação que se iniciou desde a apreensão no aeroporto — disse o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
O delegado Ricardo Andrade Saadi, diretor de Investigação e Combate ao Crime Organizado e à Corrupção (Dicor), enfatizou que a identificação dessa nova joia pode agravar as penas dos investigados, caso sejam condenados. A investigação considera crimes como peculato e formação de organização criminosa.