Trata-se de uma reprovação equivalente aos 45% que achavam o trabalho parlamentar ruim ou péssimo em dezembro de 2019, numericamente a pior marca da atual legislatura em toda a série histórica do estudo. Em relação ao mais recente levantamento, é uma piora: em julho, desaprovavam os congressistas 38%.
Por Redação - de São Paulo
O desgaste da imagem de Jair Bolsonaro (sem partido) junto ao eleitor chega ao Congresso. Pesquisa do Instituto DataFolha divulgada nesta quinta-feira mostra que para 44% dos brasileiros, o trabalho de deputados federais e senadores é ruim ou péssimo. O estudo ocorreu entre os dia 13 e 15 de setembro, e foram ouvidas 3.667 pessoas com mais de 16 anos, em 190 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos.
Trata-se de uma reprovação equivalente aos 45% que achavam o trabalho parlamentar ruim ou péssimo em dezembro de 2019, numericamente a pior marca da atual legislatura. Em relação ao mais recente levantamento, é uma piora: em julho, desaprovavam os congressistas 38%. Naquela ocasião, 14% achavam o trabalho no Congresso bom ou ótimo, índice que oscilou negativamente para 13%. Consideram o trabalho regular 40%, ante 43% há dois meses. Não souberam opinar 3%.
No período houve o desenrolar da crise do voto impresso, que opôs Bolsonaro ao Judiciário, mas também ao Congresso: por iniciativa de aliados seus, uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) foi colocada a voto para reinserir o instrumento nas eleições. Ela acabou não conseguindo o número de votos suficientes, sendo apreciada em plenário no fatídico 10 de agosto, quando Bolsonaro aproveitou que havia blindados da Marinha em Brasília, rumo a um exercício militar em Goiás, e decidiu fazer uma demonstração de força ao promover um desfile com eles na Esplanada dos Ministérios.
Impedimento
A tentativa de intimidação deu errado e ainda virou piada política, devido à queima de fumaça de motores diesel desregulados de alguns dos tanques exibidos. Bolsonaro ainda insiste na iniciativa, mas o recuo após o rompante golpista nos atos do 7 de Setembro deixa em dúvida se seguirá no tema.
Há outras insatisfações com o Congresso. Como a mesma pesquisa do Datafolha mostrou, 56% dos brasileiros deseja a abertura de um processo de impeachment contra Bolsonaro, ato que é privativo do presidente da Câmara.
Há dezenas de pedidos na mesa de Arthur Lira (PP-AL), mas ele não deu seguimento ou arquivou nenhum deles, e já deixou claro que não o fará. Na outra mão, a que desagrada os bolsonaristas, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), tem tomado decisões contrárias aos desejos do Planalto.
Seja por qual lado, a reprovação ao trabalho parlamentar é maior entre aqueles mais instruídos (53% para quem tem curso superior) e mais ricos (57% entre os que ganham mais de 10 salários mínimos). “O trabalho é mais bem avaliado justamente por pessoas que aprovam o governo Bolsonaro (22% da amostra total, ante 24% de regular e 53%, de ruim ou péssimo): 23% de ótimo e bom”, resume o estudo.