Em meio a acusações de corrupção, órgão interrompe trâmite de projetos com o emirado e quer monitorar melhor os lobistas que atuam na UE. O emirado nega qualquer má conduta.
Por Redação, com DW - de Bruxelas
O Parlamento Europeu votou pela suspensão de qualquer iniciativa de cooperação com o Qatar. A medida é uma reação do Legislativo europeu ao recente escândalo de corrupção em torno da eurodeputada grega Eva Kaili, detida na semana passada pela Justiça belga por supostamente ter aceitado propina para transmitir uma imagem positiva sobre o emirado.
O órgão decidiu no início desta semana pela remoção de Kaili de sua posição de vice-presidente. E nesta quinta-feira, 541 legisladores da União Europeia (UE) apoioaram a moção de suspender qualquer trabalho relacionado ao Qatar, enquanto apenas dois parlamentares votaram contra a resolução. O emirado nega qualquer má conduta.
"O Parlamento Europeu (…) suspende todos os trabalhos sobre processos legislativos relacionados ao Qatar, particularmente no que diz respeito à liberação de vistos e visitas planejadas, até que as suspeitas sejam confirmadas ou refutadas", aponta um trecho do rascunho da moção.
O projeto também traz um pedido para a criação de um órgão de ética independente. Além disso, devem ser disponibilizados mais recursos e funcionários para monitorar e examinar melhores os representantes que se inscrevem ou fazem parte do registro de lobby da UE, o que também deve ser estendido a representantes de países de fora do bloco europeu.
A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, afirmou que ela mesmo liderará as reformas da legislatura da UE. "Estou montando um amplo pacote de reformar para ficar pronto no Ano Novo", disse. "Vou liderar este trabalho pessoalmente."
Metsola também anunciou uma avaliação "completa e aprofundada" de como o Parlamento Europeu interage com países de fora da UE. Ademais, a aplicação das políticas do código de conduta do Parlamento Europeu deve ser revista. "Não haverá impunidade, não iremos varrer para debaixo do tapete e não acabará em pizza", disse Metsola.
Escândalo sobre propina do Qatar
Promotores belgas denunciaram quatro pessoas por corrupção, participação em organização criminosa e lavagem de dinheiro por suspeita de compra de favores políticos no Parlamento Europeu.
Os quatro acusados são Kaili, seu parceiro e assessor parlamentar Francesco Giorgi, e os chefes de duas organizações civis: Pier Antonio Panzeri, ex-eurodeputado e agora mandatário da ONG Fight Impunity (Combata a impunidade, na tradução livre), e Niccolo Figa-Talamanca, secretário-geral da ONG No Peace Without Justice (Não há paz sem justiça, na tradução livre).
A eurodeputada Kaili permanece sob custódia e aguarda uma audiência agendada para 22 de dezembro.