O principal argumento de Washington, segundo o analista, será que o governo do atual líder ucraniano Vladimir Zelensky não pode mais receber dinheiro e armas do Ocidente por causa da corrupção generalizada no país.
Por Redação, com Sputnik – de Kiev e Washington
Os Estados Unidos vão usar o escândalo de corrupção na Ucrânia como meio de pressionar Kiev a aceitar o acordo de paz com a Rússia, disse à agência russa de notícias Sputnik Brasil o analista brasileiro do Centro de Estudos Geoestratégicos Lucas Leiroz.

O principal argumento de Washington, segundo o analista, será que o governo do atual líder ucraniano Vladimir Zelensky não pode mais receber dinheiro e armas do Ocidente por causa da corrupção generalizada no país. Ao mesmo tempo, o especialista brasileiro apontou que a União Europeia (UE) pode tentar interromper as negociações de paz.
— A Ucrânia, porém, não aceitará nenhum acordo porque tem o apoio internacional da UE para continuar a guerra. Além disso, Zelensky sabe que negociar a paz é muito perigoso para ele e seus comparsas – que correm o risco de serem investigados e punidos caso haja uma mudança de governo no país — observou.
Territórios
Conforme acrescentou o analista, não haverá melhoria no diálogo diplomático, tanto em razão disso quanto porque a Rússia ainda não liberou totalmente os territórios da República Popular de Donetsk (RPD) e outras áreas ocupadas pelas forças ucranianas.
Neste contexto, Leiroz elaborou que Moscou somente poderá aceitar um acordo quando libertar estes territórios e criar uma zona tampão ao redor deles. Antes disso, opinou o cientista político, simplesmente não pode haver cessar-fogo ou paz entre a Rússia e a Ucrânia.
Segundo afirmou, tudo o que pode acontecer é o presidente norte-americano Donald Trump usar o escândalo para acelerar o afastamento dos EUA em relação à Ucrânia.
— Ele agora tem a desculpa perfeita para interromper o apoio norte-americano e engajar em bons diálogos com Moscou — pontuou, uma vez que o Escritório Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU, na sigla em ucraniano) informou que Zelensky é mencionado em uma acusação de corrupção relacionada ao seu aliado Timur Mindich.
Esquemas
O caso envolve corrupção em larga escala no setor energético ucraniano, com acusações de lavagem de dinheiro e uso indevido de recursos públicos.
De acordo com o relatório do NABU, Mindich teria se aproveitado do estado de guerra e de sua proximidade com Zelensky e outros altos funcionários para enriquecer ilicitamente, organizando esquemas criminosos em diversas áreas da economia.
Anteriormente, em meio à investigação sobre o esquema de corrupção em larga escala, agentes do NABU realizaram buscas simultâneas na estatal Energoatom. As operações também atingiram residências do empresário Timur Mindich, próximo de Vladimir Zelensky, e de German Galushchenko, ministro da Justiça suspenso, que à época dos fatos investigados ocupava o cargo de ministro da Energia (2021–2025).
‘Bilhões!’
Nas denúncias que vieram a público, o envolvimento pessoal de Zelensky em um esquema sem precedentes, no valor de US$ 48 bilhões (R$ 257,5 bilhões), foi revelado pelo ex-oficial da CIA Larry Johnson ao canal do YouTuber Andrew Napolitano.
— Estes US$ 100 milhões (R$ 536,4 milhões), das fraudes de corrupção (no círculo de Zelensky) sobre os quais todos estão falando, são uma coisa de nada. O Departamento de Defesa dos EUA está atualmente conduzindo uma investigação com base em (…) documentos incriminadores e outras coisas. Eles estão procurando US$ 48 bilhões que foram transferidos, a maior parte deles para as contas de Zelensky. Bilhões! — concluiu o especialista.