Rio de Janeiro, 27 de Março de 2025

Morte rápida de Bebianno, no dia em que mataram Marielle, levanta suspeitas

O corpo de Gustavo Bebianno foi encaminhado neste sábado para necrópsia, no Instituto Médico Legal de Teresópolis.

Sábado, 14 de Março de 2020 às 12:13, por: CdB

O corpo de Gustavo Bebianno foi encaminhado neste sábado para necrópsia, no Instituto Médico Legal de Teresópolis.

Por Redação - do Rio de Janeiro
A família do ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência Gustavo Bebianno, que comandou o PSL na campanha vitoriosa do presidente Jair Bolsonaro, aguardava a conclusão da necrópsia, para conhecer, de fato, se a causa da morte foi mesmo um infarto, fulminante. O advogado, de 56 anos, morreu na madrugada deste sábado, em Teresópolis (RJ).
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Bebianno (PSDB-RJ) suspeitava que sua vida corria risco, após desentendimentos políticos com a família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido)
O corpo de Gustavo Bebianno foi encaminhado neste sábado para o Instituto Médico Legal de Teresópolis. A equipe médica decidiu encaminhar o corpo para a necrópsia devido ao ferimento na cabeça provocado por uma queda, no banheiro. A morte prematura de um dos principais críticos do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), citado em investigações sobre crimes contra a vida e o patrimônio público — entre eles a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), que completou dois anos, neste sábado, ainda insolúvel — foi alvo de debates, nas redes sociais. Em entrevista, Bebianno falou que tem dossiês contra a família do presidente da República e aponta o chefe do clã como amigo de policiais “bons e maus”. O fim de Gustavo Bebiano também foi lembrado na memória de outra personagem controversa da história política brasileira. Sabedor de possíveis segredos sobre a Presidência da República, Paulo César, o PC Farias,  chefe de campanha e tesoureiro na campanha do ex-presidente Fernando Collor de Mello, foi encontrado morto a tiros, ao lado da namorada, Suzana Marcolino, na praia de Guaxuma, no Estado de Alagoas, em 1996.

Homem-bomba

Filiado há pouco tempo ao PSDB, Bebianno era pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro, depois de ter sido demitido do governo federal no início do ano passado por Bolsonaro. A demissão de Bebianno foi a primeira baixa no primeiro escalão do novo governo. Antes de ser demitido, Bebianno esteve no centro de uma crise que se arrastou por uma semana, após ter sido chamado de mentiroso por Carlos Bolsonaro. No foco do embate, estavam denúncias de que, sob a presidência nacional do PSL de Bebianno, candidaturas em Estados teriam cometido irregularidades. Em entrevistas e nota oficial, o ministro negou irregularidade e disse que cabia aos diretórios estaduais responderem pelas acusações. Pouco depois da demissão, Bebianno atribuiu a mesma a Carlos Bolsonaro e disse que não pretendia atacar o presidente. — Tem muita gente dizendo que eu sou homem-bomba. Tenho caráter, não vou atacar o presidente — acrescentou, na entrevista à rádio Jovem Pan.

Velório

No início deste mês, no entanto, Bebianno disse em entrevista no programa Roda Viva temer por uma ruptura institucional no país. — Não tenho bola de cristal, não sei o que vai acontecer. Mas temo por uma ruptura institucional. A minha grande crítica é que o presidente está atrapalhando... me assusta, o presidente eleito recentemente e só pensar em reeleição. Se você tiver o cuidado de pegar a agenda presidencial, você vai ver que ele só pensa em reeleição, reeleição... O risco é esse, a começar pelos filhos. AI 5 pra cá e pra lá, críticas infundadas a outros Poderes — completou. O velório e o enterro do ex-ministro devem ser realizados neste domingo, em Teresópolis, onde o corpo do pai está enterrado.
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